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O MUNDO PULA E AVANÇA EM DIREÇÃO À MOBILIDADE ELÉTRICA

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O Parlamento Europeu decidiu que todos os Estados membros terão de garantir carregamentos para veículos elétricos a cada 60 kms de distância. Uma decisão que será fácil de cumprir em auitoestradas, onde já há abastecimento de combustível garantido a cada 40 km. Basta equipar esses locais com carregadores para veículos elétricos. Nos outros tipo de vias e no interior das localidades, não sabemos como se aplicará esta regra.

Outra decisão assumida diz respeito à capacidade instalada para carregamentos elétricos, que deverá aumentar à medida que foram vendidos veículos elétricos. As variáveis da equação não são conhecidas, mas até é admissível que as empresas que vendem energia estarão atentadas ao crescimento do mercado e implementem meios para satisfazer a procura.

Há ainda a questão da facilidade de pagamento e o preço a que a energia é vendida. Segundo as novas regras agora aprovadas, os utilizadores deverão poder pagar facilmente nos pontos de carregamento (com cartões de pagamento ou dispositivos sem contacto e sem necessidade de subscrição).

O documento votado pelo Parlamento Europeu diz que para camiões e autocarros, as estações de carregamento têm de ser disponibilizadas a cada 120 km. Estas estações devem ser instaladas em metade das principais estradas da UE até 2028 e com uma potência de 1400 kW a 2800 kW, dependendo da estrada. 

SINTRA: O ABUSO DE PODER

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A mais longa manifestação da atualidade, em Portugal e talvez no mundo inteiro, é a de Manuel Ildefonso, em Sintra.

Trata-se de um sem-abrigo, doente, sem apoio familiar, que há seis anos pede uma habitação social.

Durante anos a única resposta que teve da autarquia foi assédio moral e físico por parte da Polícia Municipal. Tudo têm feito para remover Ildefonso do local onde decidiu exibir o seu protesto, o largo onde se situa a sede camarária.

Embora seja ilegal impedir uma manifestação que não coloque em perigo a segurança na via pública, a polícia municipal retira os cartazes onde Ildefonso explica os seus motivos de protesto, leva o banco onde o manifestante se senta, suprime os alimentos que ele tem no saco, apreende-lhe o chapéu de sol que lhe serve de abrigo, derruba a bandeira nacional, nem o rádio a pilhas escapa, tudo lhe é sonegado sistematicamente. A tudo Manuel Ildefonso tem resistido.

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O principal ator desta triste atuação de evidente abuso de poder tem sido o comandante da Polícia Municipal de Sintra.

DUBAI DEBAIXO DE ÁGUA

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Chover é raro, inundações é caso nunca visto no Dubai. Mas foi tanta chuva e tanto vento que o Aeroporto Internacional do Dubai foi obrigado a encerrar. Os voos foram cancelados ou desviados para outros destinos, mas o temporal afetou igualmente as redondezas: Bahrein, Omã, Catar e Arábia Saudita também tiveram problemas.

No Dubai, o caso foi considerado “evento climático histórico” que superou qualquer coisa documentada desde o início deste tipo de registos em 1949.

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Os problemas começaram na segunda-feira e três dias depois o aeroporto e a companhia aérea Emirates continuavam a avisar os passageiros que os voos permaneciam cancelados.

Mas há uma multidão de viajantes que ficaram encurralados no aeroporto. Não conseguem chegar a um hotel, não conseguem um voo para sair dali. Há gente a dormir no chão, como é evidente.

Dubai, ruas inundadas e aeroporto paralisado

20 MORTOS ATÉ AGORA

Mas toda a gente tem a vida de pantanas. As escolas fecharam, as atrações turísticas estão paradas, poucos serviços funcionam e mesmo o comércio está afetado, não só porque os clientes não os procuram como, também, os funcionários não conseguem chegar aos locais de trabalho.

Em Ras al-Khaimah, região no norte do Dubai, a polícia disse que um homem de 70 anos morreu quando o seu veículo foi arrastado pelas águas. Ele estava a dormir no carro, por não conseguir chegar a casa.

No vizinho Omã, um sultanato que fica no extremo leste da Península Arábica, pelo menos 19 pessoas morreram nas enxurradas de ontem. Entre os mortos, 10 crianças que estavam num autocarro escolar.

Meteorologistas falam em fenómenos meteorológicos extremos, provavelmente provocados por alterações climáticas.

Regiões do sul da Rússia e da Ásia Central também lidam há dias com chuva torrencial e degelo repentino, provocando milhares de desalojados na Rússia, Cazaquistão, Paquistão e Afeganistão, onde se registaram já dezenas de mortes.

NÃO HÁ LIBERDADE

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Na Alemanha, em Berlim, as autoridades proibiram a realização de uma conferência sobre a Palestina.

A reunião já decorria quando a polícia entrou no local e proibiu a continuação dos trabalhos.

No aeroporto, um médico cirurgião palestiniano acabado de sair de Gaza foi impedido de entrar na Alemanha.

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MUITAS E DESVAIRADAS GENTES

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Surpreenderá, por exemplo, o uso do telemóvel a todo o momento, porque nele foram activadas uma série de funções. Identificas-te à entrada do supermercado, apontando o telemóvel a um código QR. Lês com o telemóvel o  código de cada produto que compras; no final, sem subterfúgios, dás a ler a uma máquina o rol das compras feitas e pagas com o próprio telemóvel, ligado que está à tua conta bancária.

Nas deslocações, é com o telemóvel que pagas o bilhete dos transportes públicos, tanto autocarro como comboios e metros, táxis oficiais e táxis de empresas privadas. Raramente, aliás, recorres ao teu automóvel, até porque se paga taxa para entrar de carro particular no centro histórico urbano. O telemóvel – devidamente apetrechado com as correspondentes aplicações — fornece, de resto, pronta informação acerca do meio de transporte mais rápido, com as respectivas conexões, para se chegar de um sítio a outro: autocarro daqui a 3 minutos, para apanhares o metro na estação X e mudares de plataforma na estação Y. Impressiona, de facto, queira-se ou não, o número e a frequência de comboios urbanos, de que alguns chegam a ter 12 carruagens!… E, se olharmos para o céu, raro será o momento em que não topemos dois, três, quatro aviões a prepararem-se para aterrar num dos seis aeroportos da cidade ou acabando de levantar voo de um deles. Se tivermos no telemóvel a aplicação adequada, até poderemos saber logo donde veio ou para onde vai, de que companhia é e se está a horas ou vem com atraso. Maravilha! Ao chegares à porta de casa, se querias chegar sorrateiro, tira daí o pensamento: a Alexa, a tua empregada electrónica que tudo sabe como o Google, logo avisa que “há movimentações junto da tua porta!”. Ora toma!

As gentes

Estamos a habituar-nos a viver num mundo cosmopolita. Era, naturalmente, a Roma antiga o centro de atracção de gentes de mui variadas etnias. Admirou-se Fernão Lopes, ao ver que ao porto de Lisboa, nesses longínquos finais do século XIV, acorriam “muitas e desvairadas gentes”. Sufoca-nos hoje a nossa Lisboa, onde só de quando em quando se ouve falar português.

Em Londres, não. Ia jurar que ferozmente se impusera a língua local! E se, noutras cidades, os letreiros são bilingues, em Londres a pobreza linguística é total: tudo em inglês e só em inglês! Em contrapartida, no entanto, o multiculturalismo revela-se no imenso e bem variegado colorido do trajar. No exíguo espaço do trecho de uma carruagem entre duas portas de saída, podes ter jeans, saris, burkas, ousadíssimas minissaias, o vestido de ver-a-Deus e as calças propositadamente rasgadas nos joelhos ou mesmo um tudo nada mais acima para mostrar, na coxa, irreverente tatuagem, numa sedução. Tudo absolutamente natural!

Adrega-se, uma vez por outra, deparar, como foi agora o caso, com trajar mais extravagante, a condizer com adequada série de piercings a exigir indiscreta fotografia. Acho que a jovem não se deve ter importado da indiscrição. Não suspeitará, contudo, que terá a “honra” de agora ilustrar esta crónica. Na língua de Camões!

Era Abril no Meco

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Numa véspera do 25 de Abril, creio que era quinta-feira, decidimos que a temperatura convidava. E o jipe insinuou-se pelos carreiros ainda poeirentos, passou as terras de cultivo sobranceiras à praia e com um estremeção de júbilo, aninhou-se debaixo de um carrasco.

Digo o jipe, porque tinha personalidade, pintado de amarelo açafrão, amigo de roncar quando se carregava no acelerador.

Pretensamente conduzido por si mesmo, não dava satisfações a ninguém. Nunca nos viam la dentro, só viam um jipe de cor pouco vulgar, muito ágil para os anos que já devia  ter em cima, só nós sabíamos quantos.

Naquele tempo o Meco só tinha campos de cultivo, mais longe o segredo das dunas e a praia de um mar pujante.

Íamos pela beleza de ambos, por aquele areal extenso onde a liberdade dos que queriam fazer nudismo, era igual à dos que preferiam passear vestidos.

Mal descíamos o caminho de terra e pisávamos areia, corríamos em direcção ao mar, dávamos o mergulho inaugural do ano, tomávamos sol virados para a parede que segurava as terras. Dormitávamos.

As arribas escondiam a riqueza da argila esverdeada, por onde corria água de nascentes que os campos prodigalizavam. Num dos locais, ao lado de uma pequenina caverna, corria um veio generoso que dava para encher garrafas, quando a paciência ajudava.

Era costume as pessoas irem até lá, tirar pedaços de argila ensopada, fazer máscaras para barrar o corpo nu, ou só o rosto, e voltar à toalha de praia para tomar mais uma dose de sol.

Quando rondava o meio-dia, o calor já era intenso. Outro banho no mar, outra viagem à parede, recolher e espalhar mais argila, ou encher uma caneca de água, que andava sempre no jipe, porque a diziam puríssima, medicinal.

Quando sozinha, em topless, me dirigi à parede, vi que já havia uma fila de cinco pessoas nuas. Logo à minha frente um senhor de meia-idade, bem constituído, só vestido de chapéu branco, virou-se de repente para trás e de forma educadíssima ofereceu-me a dianteira.

“Não, por favor…não vale a pena” – disse-lhe mais de mil vezes, vermelha como polpa de tomate. Era do sol, já se vê…

Mas ele era insistente. Não deu tréguas ao cavalheirismo enquanto não passou para trás de mim. Fiquei de viés o tempo todo, com a caneca a servir de pareo. E chegados à parede, ainda encheu a vasilha que me entregou com a vénia  mais elegante que eu já vira

Lá vim a bebericar direita à toalha, aprendendo os vários ângulos de expor as partes do corpo aos benefícios do sol e repetindo um aforismo francês que dizia muito em miúda: “Honi soit qui mal y pense”.

Alguém me perguntou, três vozes familiares, se me esquecera da argila. Pois é, tinha-me esquecido do principal.

Barrei o rosto, o tronco e as pernas com uma boa camada de creme e fui praia fora sozinha, olhando à esquerda e à direita sem virar a cabeça, só os olhos, pensando na minha iliteracia sobre formas de fazer nudismo.

A uns bons dez metros de distância, duas senhoras todas vestidas, de braço dado para se protegerem, sei lá, levavam um açafate pequeno com cravos que faziam sucesso. Deitados, sentados, levantando-se, os cavalheiros compravam um para oferecerem às e aos acompanhantes.

Foi nessa altura que o vi levantar-se – devia ter olhos de lince – comprar um cravo e correr na minha direcção. Pois é…oferecia-me a flor com a segunda vénia mais elegante da época.

Estão a imaginar a corrida? As senhoras iam deixando cair o açafate…só tinham mãos para tapar a boca.  O problema foi, quando voltei à toalha, explicar que me tinham oferecido um cravo porque estávamos a chegar ao 25 de Abril. Sim…não foi grande história, mas que outra poderia contar alem da verdadeira?

Era hora de regresso. O jipe ainda roncou mais todo o caminho, como se estivesse zangado. Depois estacionou desabridamente diante do prédio e quase me atirou contra o pára-brisas.

Fiquei com saudades daquele Meco. Tantas que envidei esforços para comprar lá um pedaço de terreno e fazer uma cabana para férias.

Não houve quórum…

Durante anos não pus lá os pés, nem assisti à sua transformação.

E tenho pena de que fosse transformado. Todos os lugares quase virgens são atacados pela erisipela do “progresso”. Este nem tanto, dizem, atendendo ao panorama do país…

Se lá tivesse feito a cabana, plantava um canteiro de cravos e ia para a praia oferecê-los, em Abril.

UMA CIDADE DEBAIXO DE ÁGUA

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Milhares de moradores foram retirados de Orenburg, quando se percebeu que o rio Ural e vários afluentes estavam a transbordar em simultâneo e a uma velocidade nunca antes vista.

A zona inundada faz fronteira com o Cazaquistão, onde há também localidades inundadas. Várias aldeias e vilas ao longo do rio Tobol foram afetadas.

Desde a passada sexta-feira que o nível das águas na bacia hidrográfica do rio Ural começou a transbordar e não há diques nem barragens que consigam reter tanta água. Vejam o vídeo.

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Orenburg tem 550 mil habitantes e sempre conviveu com o terceiro maior rio da Europa, o Ural. Mas, esta primavera, aconteceu um degelo demasiado rápido e de proporções dantescas.

É a pior inundação de sempre. O rio Ural subiu 11,43 metros na sexta-feira. Há centenas de milhar de pessoas desalojadas e os prejuízos são imensos, com centenas de habitações inundadas, fábricas e campos destruídos.

A dimensão sem precedentes do degelo teve origem nas temperaturas altas que se registam ainda mal a primavera começou. Os cientistas atribuem este fenómeno a mudanças climáticas em curso e que estão a afetar ecossistemas e a vida das pessoas, com fenómenos meteorológicos extremos, como é o caso do que se está a passar nesta parte da Rússia.

O rio Ural tem 2428 km, desde a nascente nos Montes Urais até à foz no Mar Cáspio. É considerado como a fronteira natural entre a Europa e a Ásia.

A pressa

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A Manuel da Fonseca, o celebrado autor de Planície Heroica, inultrapassável saga das gentes alentejanas, perguntaram, uns meses antes da sua morte, que mais o perturbava no seu quotidiano.

– A pressa – respondeu.

Não percebia porque é que toda a gente andava a correr, os velhos e os novos.

É verdade. As pessoas atropelam-se, parece que o mundo vai acabar daqui a dois minutos e há um objetivo urgente a atingir. Influenciados, porventura, com o facto de, nas corridas, o tempo se contabilizar em centésimas de segundo, somos tentados a correr, em vez de caminhar; a devorar, em vez de bem ensalivar; a passar os olhos pelo livro ou pela revista, em vez de folhear, dando a hipótese de se parar aqui e ali; a deglutir, em vez de saborear…

E se há um provérbio que diz “quem corre por gosto não cansa”, tal não constitui , como poderia pensar-se, incitamento a correr, mas sim a agir por gosto, por ser essa a melhor forma de nos pouparmos. Ao caso em apreço outro adágio se aplica: “Devagar se vai ao longe!”.

Manuel da Fonseca falava do dia a dia, das pessoas a atropelarem-se nos passeios. Hoje, boa parte das nossas caminhadas – quando não em jeito de exercício físico – são a correr para o metro, para o emprego, para ir ao supermercado… Tudo a correr!

Curioso: há milénios que o dia tem 24 horas e ainda não nos habituámos a esse ritmo. É caturrice mesmo! Deve ser isso.

Estou preocupado. Por mim, todos os dias diligencio por ser mais eficiente no bom aproveitamento do tempo; mas, confesso, custa-me receber diariamente mensagens de colegas meus, docentes universitários, que nem sequer têm tempo para reverem o que me enviam. Emprestou Shakespeare a Hamlet a frase para caracterizar uma situação degradada:

“Algo está podre no Reino da Dinamarca”. Estará; o que me interessa, porém, é cá.

Dou três exemplos. Um geral, e dois concretos:

Refere-se o geral ao anúncio de actividades, veiculado através dum cartaz. Geralmente, o meu colega pede a divulgação e anexa o cartaz. Sucede, todavia, só muito raramente sublinho raramente – há o cuidado de pôr a legenda a condizer.

Veja-se a exemplificação de cada um dos dois casos, em que, em vez de esclarecedora legenda, se mantêm inexpressivos dados técnicos.

Recorto a mensagem: “[…] no sentido de se divulgar […] a aula aberta a realizar pelo Doutor […], sob o tema […], que se realizará, […] conforme ao cartaz anexo”. A legenda do cartaz é: Cartaz_page-0001(2).jpg.

Se partir do princípio de que a nota foi enviada a um funcionário, creio que teria sido boa ideia proceder-se a revisão: evitar-se-ia a repetição do verbo realizar; dir-se-ia que a aula versaria sobre [e não sob] determinado tema; não se escreveria “conforme ao cartaz”, mas “conforme o cartaz”…

Com o assunto “Ficheiro Epigráfico 260”, enviei esta informação: “Já está disponível o número 260 de Ficheiro Epigráfico”. Resposta da colega: “Obrigada José y enorabuea [sic] por 259 con los indices!1 [sic] ”.

A outro colega, também docente universitário, dei conta de uma crónica saída no jornal Renascimento, devidamente identificada como tal. Resposta:

“Duplamente grato, porque eu não assino O Renascença. Sou assinante e colaborador do Notícias da Beira”.

Se esta troca de nomes dos jornais se pode levar à conta de ‘malandrice’ do sistema que deve ter achado que “renascença” é que ficava bem – considero que os lapsos destes meus dois colegas se devem exclusivamente à tensão psicológica em que se encontram.

A tal pressa iníqua de que falava Manuel da Fonseca. Mais um vírus a veementemente evitar.

AFINAL, O HOMEM MENTIU

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No dia seguinte à aprovação do programa de Governo na Assembleia da República, o Governo vem dizer que afinal a redução no IRS não é bem aquilo que Montenegro prometeu.

Perante isto, houve até um diretor de jornal que pediu desculpas aos leitores por ter noticiado mentiras quando deu eco às promessas de Montenegro. No jornal, explica-se que a redução do IRS anunciada como a grande medida do executivo no início da legislatura deverá rondar apenas os 200 milhões de euros” e não 1,5 mil milhões de euros, como foi dito mais do que uma vez por Montenegro.

Pelo lado do Governo, o ministro das Finanças diz que as contas de Montenegro incluíam, afinal, a redução que o anterior Governo já tinha aprovado, antes de Costa se demitir.

A oposição não perdeu tempo, o alarido já vai alto. O PS avança com um pedido de debate de urgência no parlamento. Vai ser um festival.

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O Bloco de Esquerda, nas redes sociais, também reclama o seu espaço nos protestos. Instagram e X são os campos de batalha do Bloco. Lá vem o link para o artigo do semanário Expresso onde se desmascara a treta.

Mariana Mortágua utiliza também a expressão embuste. Mas vai mais longe, adiantando que “a única promessa que não era a brincar é a redução do IRC sobre os lucros das grandes empresas”.

Nesta nova realidade da política portuguesa, já ninguém quer dar espaço para o Chega ser único protagonista do protesto. Vão todos gritar mais que André, já que é disso que o povo parece gostar.

Poema em prosa

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A primeira vez que ouvi o teu nome foi numa manhã fria e chuvosa que me levou até junto de ti. Estávamos em Fevereiro, quando se trabalha a terra para as sementeiras, assim cuidei do teu corpo, como se fosse o meu bem mais precioso.

Plantei ervilhas-de-cheiro e gispsófilas no teu ventre porque delas era o tempo das sementeiras. Não sei se te disse mas povoam todos os casamentos, ao nosso vão concerteza faltar.

Sei que não te vou ter.

Não lancei à terra nem alecrim nem amores-perfeitos, deixei para os deuses a decisão.

Plantei morangos e framboesas, groselhas e amoras à procura do teu mel salgado, do teu sumo encantado nas laranjas e tangerinas que colhi e bebi até à última gota até que finalmente adormeci.

O teu nome lembra-me a salsa, o manjericão, a salva e a menta, cheiros que inebriam, perfumes silvestre que percorro com a minha língua no teu pescoço sem nunca parar.

Conheço cada milímetro da tua pele como nenhum homem, antes e depois de mim, a tua pele pede-me para não parar.

Não páres.

Não vou parar nunca e ainda era Fevereiro. Em Março já te agarravas aos meus cabelos e puxavas-me contra ti.

Diz-me, porque é que nunca mais me chamaste? Foi por ter chegado o calor e o sol, por não precisares de um porto de abrigo?

Preciso de estar contigo uma última vez, só mais uma, como se fosse a primeira de todas aquelas em que vi o Sol.

O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico