No momento em que a Comissão Europeia apresenta um plano para apoiar a indústria automóvel na transição para a mobilidade elétrica, o seu maior concorrente industrial já leva um avanço considerável, mérito de políticas assertivas no desenvolvimento industrial, nas novas tecnologias, no planeamento em relação ao futuro.
É verdade que a mobilidade elétrica, no estado atual da tecnologia, é muito mais eficiente em termos de aproveitamento energético. Por exemplo, a eficiência dos veículos elétricos é de 70% a 90%, relativamente à energia elétrica usada para carregar a bateria do carro e que é efetivamente transformada em movimento. Na produção de hidrogénio os fatores quase se invertem, desde a eletrólise, compressão, transporte e depois à conversão do hidrogénio em eletricidade nas células de combustível, a eficiência total fica entre 25% e 35%.
A vantagem imediata do hidrogénio é a facilidade de armazenamento. O inverso da elétricidade. Outras vantagens do hidrogénio são relevantes e deveriam ser o suficiente para se investir no desenvolvimento deste tipo de energia:
- Autonomia maior: veículos a hidrogénio podem ter uma autonomia semelhante à dos carros a combustão.
- Reabastecimento rápido: demora poucos minutos, ao contrário do carregamento elétrico, que ainda leva mais tempo.
- Transporte pesado e longas distâncias: veículos pesados de mercadorias, autocarros, aviões e navios podem utilizar o hidrogénio, já que baterias para esses usos teriam que ser enormes e pesadas.
A opção pelo hidrogénio iria livrar-nos dos problemas inerentes às baterias dependentes de materiais como lítio, cobalto ou níquel, cuja extração tem impactos ambientais e geopolíticos relevantes.
Mas a Europa deixou-se ultrapassar em termos de inovação e desenvolvimento tecnológico e se não atalhar caminhos para o futuro, a China será cada vez mais líder na indústria e tecnologia. O recente plano de apoio à indústria automóvel será, se funcionar, uma solução de curto prazo, mantém todas as dúvidas quanto ao futuro, nomeadamente em setores estratégicos como a mobilidade elétrica, a energia renovável e a tecnologia digital.
Na corrida à mobilidade elétrica a China já ganhou
A China controla grande parte da cadeia global de fornecimento de baterias, desde a extração de matérias-primas até à fabricação. Empresas como a CATL ou a BYD estão na linha da frente da inovação, lançando tecnologias mais eficientes e mais baratas.
A China já é o maior mercado mundial de veículos elétricos e está a exportar massivamente para a Europa — marcas como a NIO, XPeng ou MG estão a ganhar espaço rapidamente.
Enquanto a Europa ainda discute estratégias, a China está a investir milhões na produção de hidrogénio verde e na expansão da energia solar e eólica.
Em inteligência artificial, 5G, automação e outros setores tecnológicos, a China já disputa diretamente a liderança com os EUA — e a Europa tem ficado bastante atrás.
Enquanto a China investe de forma agressiva e estratégica, a Europa dispersa recursos. Neste momento, o único setor industrial com perspetivas auspiciosas no futuro é o do armamento.
