Na madrugada do dia em que Zelensky ia à Alemanha reunir com novo vice-Presidente dos EUA, um drone com explosivos embateu numa estrutura da antiga central nuclear de Tchernobyl, na Ucrânia. Zelensky acusou a Rússia de atacar o local, o que serviu para aguçar o discurso no sentido de dizer ao mundo que a Rússia não está interessada na paz.

Este discurso teve ampla ressonância nos media da Europa e, talvez, na América. O drone era russo, dizia Zelensky e assim foi publicado na generalidade dos media portugueses. As publicações deram voz ao Presidente ucraniano e não procuraram saber o que diziam os russos sobre isto.


De um modo geral, jornais, rádios e televisões não se interrogaram sobre o propósito da Rússia atacar um sítio sem qualquer interesse militar.

A central está desativada desde que teve um grave acidente em 1986, quando um reator explodiu e toda a população da região teve de fugir para nunca mais voltar. Tudo ali está interdito à permanência humana por mais de cem anos. Tchernobyl é hoje um lugar fantasmagórico, tanto a cidade como a antiga central nuclear. Portanto, qual o sentido de atacar aquilo?
A reação da Rússia à acusação de Zelensky está acessível a todos, nas redes sociais. O porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, disse que “não houve ataque a qualquer infraestrutura de energia nuclear por parte da Rússia.”

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou logo no dia 15, em comunicado, que um drone atingiu a estrutura de proteção do reator que explodiu em 1986, o que provocou um incêndio que foi extinto. A AIEA não disse qual a origem do drone.
Os meios russos acusam a Ucrânia de encenar uma ameaça a Tchernobyl, na tentativa de provocar medo de novo desastre nuclear de modo a atrapalhar as negociações entre a Rússia e os EUA sobre o fim da guerra. O Governo ucraniano não está a levar a bem que as duas potências discutam o futuro da Ucrânia sem ouvir o que eles têm a dizer.
Ao longo desta guerra houve vários episódios de engano e dissimulação, operações de falsa bandeira, fakenews como foi o caso das notícias sobre o estado de saúde de Putin, quase sempre do lado ucraniano, como tática de demonizar a Rússia e justificar o envolvimento de terceiros e da NATO na guerra, nomeadamente países europeus e os EUA. Tudo indica que o drone que foi conduzido para explodir contra o “sarcófago” que cobre o reactor radioactivo rebentado terá sido uma das últimas cenas do género desta guerra.