A MORTE DE REFÉNS ISRAELITAS

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Yarden Bibas e Noa Argamani

Os familiares de uma família israelita que morreu no cativeiro em Gaza, exigem que o Governo de Netanyahu pare de atribuir culpas ao Hamas pela morte destes reféns. Todas as evidências apontam para que as mortes tenham sido causadas por um bombardeamento aéreo israelita.

Esta exigência surgiu três dias depois de um porta-voz do exército israelita ter declarado que “terroristas” palestinianos mataram “deliberadamente” dois jovens membros da família Bibas “com as próprias mãos”.

Os advogados da família Bibas acusaram o Governo de explorar esta questão para fins de propaganda.  

O drama da família Bibas começou em 7 de outubro, quando foram feitos reféns. Quatro membros da família foram levados para Gaza, mas o pai ficou separado dos restantes. Esta circunstância permitiu que tenha sobrevivido (já foi libertado), enquanto a esposa, Shiri, e dois filhos pequenos, Kfir e Ariel, foram mortos enquanto estavam sob custódia das Brigadas Mujahedin, uma fação menor e menos conhecida da resistência palestiniana.

Em 3 de dezembro, o pai, Yarden Bibas gravou uma mensagem vídeo, no cativeiro, onde afirmou que a mulher e os dois filhos tinham sido mortos durante um ataque aéreo israelita.

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O pedido de Yarden Bibas não foi satisfeito. A devolução dos corpos foi a 18 de fevereiro. Os meios israelitas fomentaram a indignação e o Governo israelita ameaça inviabilizar o cessar-fogo com o Hamas. Todos esperávamos que surgisse o argumento fatal e ele aí está.

O CESSAR-FOGO ESTÁ POR UM FIO

Um dia antes dos funerais, a irmã de Yarden Bibas, Ofri, publicou no Facebook uma mensagem dirigido ao primeiro-ministro israelita para “calar a boca” e acusou-o de “abuso por si só de uma família que passou por meses de inferno”.

Os média israelitas, norte-americanos e ingleses, publicam qualquer coisa que saia das agências de comunicação ao serviço do Governo de Israel.  A alegação do Governo israelita de que o Hamas estrangulou as crianças Bibas com as próprias mãos, não foi diferente. Os influencers de serviço pedem para que façam “explodir as pessoas que mataram os bebés Bibas”. É tudo quanto Netanyahu quer ouvir.

Mas nós sabemos que durante estes 15 meses que se seguiram a 7 de outubro de 2023, foram os soldados israelitas que mataram tudo o que mexia dentro de Gaza. Há ainda evidências de outras mortes de reféns que deviam ser atribuídas aos bombardeamentos israelitas, embora a propaganda sionista garanta que as causas das mortes foram outras.

Entre as dezenas de reféns libertados até agora, o testemunho mais consistente é o medo que viveram, o medo constante de serem mortos pelos bombardeamentos.

ESTÃO A APLICAR O CÓDIGO HANNIBAL

Em 25 de fevereiro, depois de libertada, Noa Argamani testemunhou perante as Nações Unidas sobre o momento angustiante em que o companheiro de cativeiro Yossi Sharabi foi morto num ataque aéreo israelita, e ela quase sofreu o mesmo destino…

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Logo em 7 de outubro, depois de refeitos da surpresa pelo ataque do Hamas, o Governo israelita autorizou a aplicação do chamado Código Hannibal, uma ordem que permite matar os seus próprios militares ou civis, a fim de evitar que sejam feitos prisioneiros.

Entre os 1200 mortos atribuídos ao ataque do Hamas, uma parte deve-se aos próprios militares que aplicaram o Código Hannibal, matando os seus próprios cidadãos capturados pelos palestinianos.

Houve até o caso de três israelitas que conseguiram escapar aos seus captores do Hamas e que foram mortos pelas forças israelitas, que posteriormente testemunharam que os confundiram com palestinianos. Esses soldados chegaram a caçar um dos reféns fugidos a pé, executando-o à queima-roupa.

Em janeiro de 2024, a mãe de um soldado israelita morto enquanto estava detido em Gaza, Ron Sherman, revelou que o filho tinha sido morto pelos militares israelitas quando o exército  gaseou o túnel do Hamas em que se encontrava.

Noam Dann, sobrinha do cativo Ofer Calderon, queixou-se publicamente: “Eles estão a executar o Código Hannibal. O meu Governo, o meu primeiro-ministro, o meu ministro da Defesa, estão a matar a minha família, a matar cidadãos que foram capturados.”

Embora possa parecer estranho que o regime de Netanyahu bombardeie deliberadamente locais usados para manter reféns israelitas, o Código Hannibal explica plenamente a decisão.

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