ESCREVER SOBRE 50 ANOS DE DESILUSÕES

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No seu mais recente livro, o jornalista Orlando Castro faculta-nos o seu arquivo de memórias onde está parte da história de um homem e da terra onde nasceu. Angola é, de resto, o tema mais querido de Orlando Castro. Serve-lhe para escrever poesia e descrever História. “Eu e a UNITA” resulta do desencanto provocado pelas lideranças políticas angolanas, ao fim de 50 anos de independência.

O livro já está nos escaparates. Ficam aqui algumas opiniões de quem já o leu.

PAULO de MORAIS: o poder feroz do MPLA

Paulo de Morais é o mais célebre ativista português contra a corrupção. Nos jornais e redes sociais, batalha incansavelmente pela moralização da classe política. Foi vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto e é professor na Universidade Portucalense. Falar em corrupção em Portugal é falar em corrupção em Angola, tantos têm sido os canais do compadrio e lavagem de dinheiro entre os dois Estados.

Paulo de Morais, crónicas e denúncias nos jornais e redes sociais

Depois de ler o livro “Eu e a UNITA” do jornalista Orlando Castro, Paulo de Morais diz que reconheceu ali o “poder corrupto exercido pelo MPLA e pelos seus dirigentes. Sucessivos Presidentes da República, Agostinho Neto, Eduardo dos Santos e João Lourenço, exerceram, exercem, um poder feroz que domina todas as facetas do país. A classe dirigente enriquece de forma imoral, à custa das riquezas naturais do país, deixando os angolanos numa profunda miséria. O MPLA domina absolutamente Angola, a cleptocracia é a sua marca. Orlando Castro explica como poucos sabem fazê-lo a degradação do regime.”

MALUNDO KUDIQUEBA: o livro proibido

Malundo Kudiqueba

Malundo Kudiqueba é escritor e jornalista, licenciado pela University of Worcester, em Inglaterra, onde estudou Health and Social Care and Social Work, diz que o livro de Orlando Castro foi proibido em Angola, não pelo regime, mas pelo líder da oposição.“Adalberto Costa Júnior demonstrou esse desvio autoritário ao ‘proibir’ os militantes da UNITA de adquirirem e lerem o livro “Eu e a UNITA”, diz Kudiqueba. E explica de cátedra que proibir um livro é sintoma de medo, de insegurança e de uma visão tacanha do papel do conhecimento e da crítica dentro de um partido político.”

OSVALDO FRANQUE BUELA: o retrato de um sonho desfeito

Osvaldo Franque Buela é um cronista empenhado, nomeadamente em blogs e nas redes sociais, crítico do regime angolano. Para ele, o livro de Orlando Castro é “de fácil leitura e repleto de realidades e experiências, mas não de anedotas ficcionais, é uma obra que traça não só uma reflexão sobre a própria identidade do autor que desde muito jovem se deixou seduzir pelo projecto político da UNITA de uma Angola para os angolanos, mas também uma relação profunda e pontual, alimentada sobretudo por experiências pessoais vividas pelo autor.”

Osvaldo retrata assim o sonho de Orlando Castro: “uma Angola multirracial, de camponeses, citadinos, operários, gente simples, de uma Angola que ele descreve com tinta firme e eloquente. Não agrada nem ao MPLA, nem aos novos ricos da UNITA, que preferiram trocar a mandioca pela lagosta…”

EUGÉNIO COSTA ALMEIDA: História guardada em gavetas fétidas

Eugénio Costa Almeida

Eugénio Costa Almeida, historiador, investigador do Centro de Estudos Internacionais do ISCTE, um angolano-português nascido no Lobito, amigo do autor, diz dele que “sem deixar de ser o jornalista que sempre norteou pela verdade frontal nua, crua e directa – ou, talvez, por isso mesmo, – parece criar um contínuo paralelismo entre o passado bélico do período com a realidade política actual…”, uma navegação, diz Eugénio Costa Almeida, pelos factos da História de Angola guardados “em ocultas, fétidas e bem esconsas gavetas cerebrais”.

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