A epigrafia é a ciência (ia escrever “arte”) de decifrar inscrições antigas, a que chamamos epígrafes. Várias civilizações antigas deixaram gravações na pedra, em osso, na madeira, sobre factos ou pessoas merecedoras de serem lembrados ao longo dos tempos. Passados tantos séculos, muitas dessas gravações continuam legíveis, mas quase sempre precisam de ser traduzidas, interpretadas, descodificadas. O epigrafista é o que faz essa transcrição do passado, de modo a que o homem comum de hoje as possa entender. Mal comparado, o epigrafista é uma espécie de jornalista, no sentido em que ambos descodificam mensagens e as colocam à disposição de todos.
José d’Encarnação é ambas as coisas: epigrafista e jornalista. Claro que a dimensão que atingiu na epigrafia o coloca entre os melhores e o jornalismo ficou sempre em segundo ou terceiro lugar, uma vez que também foi professor universitário de boa memória.
Isto para dizer que o “nosso” José d’Encarnação, aquele que tantas crónicas e notícias tem publicado neste site, acaba de ser homenageado pelos seus pares arqueólogos, historiadores e epigrafistas. O evento decorreu na Associação dos Arqueólogos Portugueses, no âmbito do colóquio sobre epigrafia clássica.
Transcrevendo o que Guilherme Cardoso publicou nas redes sociais, “António Vermelho Curral, Presidente da Assembleia, José Morais Arnaud, Presidente da Direção, e João Marques, Presidente da Secção de História, abriram a sessão, perante uma sala repleta de amigos e antigos alunos do homenageado, descrevendo o Professor Encarnação como sócio e especialista em epigrafia romana.
Armando Redentor, apresentou a comunicação “A epigrafia romana egitaniense e a sua importância local e regional”. Guilherme Cardoso falou “Na mudança dos séculos: Investigação arqueológica no município de Cascais” e a importância de José d’Encarnação para a história do Concelho de Cascais, que iniciou a investigar há 58 anos, através de estudos epigráficos, arqueológicos e históricos.
José d’Encarnação apresentou uma comunicação sobre “Os monumentos epigráficos, um património local”, dentro do seu habitual modo de apresentar uma aula ou uma comunicação, sendo ovacionado pela assistência.”
O nosso aplauso, também.
O meu aplauso também.
Estava lá para isso mesmo, para ouvir O especialista maior na Arte da EPIGRAFIA e em outras matérias académicas e não académicas, as últimas que ensinam a encarar a vida com a sabedoria de um sorriso e muita tranquilidade.
Tive de vir embora mais cedo, julgando que a primeira comunicação, embora de muito interesse, não demorasse tanto. Já conversámos e ele conhece as razões…
Falhei o fim da interessante intervenção do seu AMIGO de sempre, o também Arqueólogo Guilherme Cardoso, companheiro de tantas descobertas importantes, conforme começou – e muito oportunamente – por dizer, já que se tratava de homenagear José d’Encarnação e as facetas do seu carácter e ninguém mais habilitado para o fazer do que os Amigos, colegas, ex-alunos.
Lamento profundamente. Só atenua a minha pena o facto de, pelo menos, ter ido dar-lhe um abraço.
Vida longa com qualidade, José d’Encarnação.
Bem hajas, Helena!