Um abaixo-assinado com mais de meio milhão de assinaturas e uma petição assinada por 50 organizações ambientalistas africanas, foram agora enviados ao governo da Tanzânia, para tentar acabar com as licenças para caçar elefantes.
A questão não é meramente conservacionista, embora só isso seja mais do que suficiente, mas envolve também a soberania do Estado do Quénia.
Vamos explicar. No Quénia existe uma vasta reserva ecológica mundialmente conhecida como Parque Nacional de Amboseli. Na Tanzânia, rigorosamente do outro lado da fronteira, existe a chamada Área de Gestão da Vida Selvagem de Enduimet. Só pelos nomes conseguimos perceber que há olhares diferentes sobre a preservação da vida selvagem.
No Quénia, a caça é rigorosamente proibida no Parque Nacional de Amboseli. As receitas obtêm-se com a entrada de turistas para caminhadas, safaris fotográficos e contemplação da vida animal.
Na Tanzânia, desde 2022 que o governo passou a emitir licenças para a caça. É outro tipo de turismo.
A caça que se pratica no lado tanzaniano está a provocar o desaparecimento dos elefantes mais emblemáticos, aqueles que têm as maiores presas. São os que estão sempre na mira da espingarda de caça dos reis e milionários que gostam de matar.
Na perseguição aos elefantes, os caçadores ultrapassam a linha de fronteira e acabam a matar elefantes em território proibido. Os conservacionistas dizem que já só sobram cerca de 10 elefantes com presas longas. Morrendo estes, a herança genética deixa de acontecer e só será possível admirar a imponência desses fantásticos animais em fotografias antigas…
A questão da soberania territorial também não é de menosprezar. Não só a fronteira queniana é devassada, mas também a lei do país que proíbe a caça é ofendida.
Em 1995, ambos os vizinhos da África Oriental tinham acordado que a Tanzânia deixaria de emitir licenças de caça do seu lado da reserva, depois de conflitos provocados por caçadores que entravam no Quénia para matar elefantes. No entanto, em 2022, a Tanzânia voltou a emitir licenças. Não se percebe qual o benefício para a Tanzânia autorizar a matança destes animais. A continuar assim vão desaparecer e, depois, nem animais nem licenças de caça.