Se partirmos do princípio que ninguém simula um atentado a tiro contra si mesmo, Trump acaba de provar do seu próprio veneno. Ou seja, num país onde todos os presidentes até hoje se recusaram a impedir o livre acesso a armamento e munições, levar com um tiro acaba por ser consequência disso mesmo.
Como de costume, o atirador foi morto. Já não poderá explicar-se, revelar os seus motivos, denunciar quem o aliciou. Será considerado um “lobo solitário”, um maluquinho dos “duelos ao pôr do sol”.

Trump safou-se, mas há pelo menos outras duas vítimas do tiroteio. Pessoas que assistiam ao comício. Um deles terá morrido no local, outro foi, gravemente ferido, levado de urgência para um hospital.
Depois há as teorias da conspiração. Uma delas já está em marcha e atribui à causa palestiniana a inspiração para este atentado. Trump já declarou o seu apoio total e incondicional aos métodos genocidas de Israel e, assim, uma eventual “palestinian connection” seria vantajosa para Netanyahu.
Teremos de admitir que há outras causas capazes de levar um militante a pegar em armas contra um inimigo, como seria a questão ucraniana. Se Trump vencer as eleições (cenário bastante plausível), um dos perdedores será Zelensky. Trump já disse que vai acabar com a guerra na Ucrânia, o que só será possível com um embargo de armas norte-americano a Kiev. De resto, não foi o primeiro atentado contra dirigentes políticos que não apoiam o esforço de guerra ucraniano.
Mas tudo indica que vamos ficar pela tese do “maluquinho”. Bom rapaz, de tipicas famílias americanas, bom curriculum académico, respeitador das tradições, gostava de dar uns tiros e era membro de um clube de tiro aos pratos. Um pouco azelha, no entanto. Falhou o alvo.
