Nos “States”, cresce a contestação ao apoio militar à Ucrânia, na mesma medida em que aumenta o som da voz dos que estão dispostos a bombardear o México. Bom, sempre será uma guerra de maior proximidade. E com objetivos mais percetíveis para o comum dos estadounidenses: a proteção da fronteira, o combate à imigração ilegal, a guerra contra os narcotraficantes.
É verdade que aumenta o número de imigrantes ilegais a passar a fronteira do México, mas também parece evidente que há uma campanha mediática para enfatizar a questão.
Subitamente, nas redes sociais começaram a circular inúmeros vídeos sobre entrada de imigrantes. E muitos vídeos com cenas pungentes de multidões de viciados que deambulam vacilantes pelas ruas de várias cidades dos EUA.
O aproveitamento político é evidente. Donald Trump joga tudo para conseguir ser novamente nomeado candidato presidencial pelo Partido Republicano. Se falhar, o risco de ser preso é real, devido aos processos judiciais que correm contra ele, pelo patrocínio que deu à invasão do Capitólio, por fraudes fiscais, etc.
Trump foi o primeiro a dizer que se o México não tem capacidade para resolver os problemas no seu território que os EUA deveriam tomar essa iniciativa.
Um discurso que tem sido copiado por outros políticos, alguns deles concorrentes de Trump. Por exemplo, o governador da Flórida, Ron DeSantis, prometeu que enviaria forças militares para o México no “primeiro dia” caso fosse eleito presidente. Vivek Ramaswamy, empresário que se tornou candidato à presidência, disse que usaria “a força militar para dizimar os cartéis, ao estilo Osama bin Laden, ao estilo Soleimani” nos primeiros seis meses da sua presidência. O senador Will Hurd disse que quer “desmantelar as redes de cartéis e de contrabando de seres humanos, tratando-os da mesma forma que tratamos os Taliban e a Al Qaeda”.
Em janeiro, no Congresso, 21 republicanos – liderados pelos deputados Dan Crenshaw e Michael Waltz – apresentaram uma proposta de lei para autorizar o uso da força militar contra os cartéis do México. Em março, o senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, anunciou que iria apresentar uma proposta para “preparar o terreno” para uso de força militar no México. O senador James Comer, disse ter sido um “erro” Trump não ter não ter dado ordem de “disparar mísseis contra o México para destruir os laboratórios de drogas”.
Ao nível do palavreado, estamos nisto.