Rezam as crónicas que o primeiro hino nacional português data do tempo do rei Dom João VI, que reinou de 1816 a 1822. Ou seja, só sete séculos depois de ter sido constituído, Portugal teve hino nacional.
O Hymno Patriótico da Nação Portugueza (na grafia da época), era uma canção louvaminheira onde se jurava fidelidade ao rei. Dirão que a fidelidade ao rei era a fidelidade à Pátria, mas não é bem assim. A Pátria continua independentemente dos regimes e dos governantes. O que acontecia era que quem não cantasse ao rei não tinha direito aos favores dele. E assim juravam:
Eis, oh Rei Excelso Os votos sagrados Q’os Lusos honrados Vêm livres, vêm livres fazer Vêm livres fazer Por vós, pela Pátria O sangue daremos Por glória só temos Vencer ou morrer Vencer ou morrer Ou morrer Ou morrer
É caso para dizer que quem mais jura, mais mente. Seria assim, naquele tempo, como é hoje em muitas situações. Foi cantado durante 100 anos, substituído em 1910 e esquecido. A Pátria não morreu por causa disso, nem ficou menorizada.
Talvez fique menorizada quando se entoa “contra os canhões, marchar, marchar” nos estádios de futebol, o que é completamente desadequado sob todos os pontos de vista.
A Federação Portuguesa de Futebol bem podia evitar este achincalhamento dos hinos nacionais, propondo à FIFA que obrigasse as federações nacionais a adotar o seu próprio hino. Em Portugal, propostas não faltam. Lembramos uma, a título de exemplo, apresentada há um ano por Herman José:
Entendam este artigo como mais um contributo para a discussão sobre a necessidade de se alterar o hino nacional português, uma ideia relembrada recentemente pelo cantor Dino de Santiago, depois de ter sido proposta pelo escritor António Alçada Baptista em 1997.