HAJA QUEM NOS DEFENDA DOS MAUS POLÍCIAS

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É estranho que tenha sido necessário aparecer na televisão para que os comandos da PSP e da GNR anunciassem a abertura de inquéritos internos. Ou seja, querem fazer crer que nada sabiam, até que a coisa foi denunciada publicamente.

Apetece lembrar o caso de Manuel Morais, o homem que foi perseguido dentro da PSP por ter denunciado os casos de racismo existentes.

As corporações tendem a proteger os seus, mesmo que esses elementos revelem ser canalhas da pior espécie. Escudam-se no inquérito em curso, na presunção de inocência e noutros mal-entendidos processuais e deixam que esses elementos se mantenham em funções e que, em muitos casos, continuem a prevaricar.

Foi o que aconteceu com a GNR, quando sete militares do posto de Odemira foram denunciados por maus tratos, tortura e sequestro de imigrantes asiáticos…

São conhecidas de há muito páginas nas redes sociais de agentes da PSP e militares da GNR onde se propagam ideais racistas. Durante muito tempo foram páginas despudoradamente abertas ao público.

Ideais que instigavam a atos abusivos sobre cidadãos negros, criando uma ideia de impunidade em quem os praticava. Como foi o caso sucedido no comboio da linha da Azambuja, em agosto dem 2021.

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Negar que estamos perante um problema grave e estrutural de infiltração da extrema-direita, do seu discurso de ódio e de violência nas forças de segurança em Portugal, é não querer resolver o problema.

É evidente que a grande maioria dos elementos das forças de segurança não são racistas nem criminosos. Mas há os que são. E são esses que devem ser combatidos, isolados, denunciados e extirpados das instituições a quem o Estado fornece meios para defender a sociedade.

A resistência aos ideais democráticos dentro da PSP e da GNR já tiveram expressões públicas, como foi o caso da tentativa de rejeição de novas regras de aprumo, apresentação e uso de uniforme na PSP, por diretiva do Diretor Nacional da PSP em setembro de 2020.

Essas novas regras obrigam os polícias a remover tatuagens com símbolos, palavras ou desenhos de natureza partidária, extremista, racista ou que incentivem à violência. Tinham seis meses para o fazer. Resta saber se o fizeram, se a regra foi imposta, se foi fiscalizada, que consequências teve. É verdade que o racismo não se remove por decreto nem se apaga com borracha. Mas, ao menos, que não existam racistas armados e fardados pelo Estado.

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