Quem nos protege dos maus polícias e maus GNR’s ?

1
1779

As corporações tendem a proteger os seus, mesmo que esses elementos revelam ser canalhas da pior espécie. Escudam-se no inquérito em curso, na presunção de inocência e noutros mal-entendidos processuais e deixam que esses elementos se mantenham em funções e que, em muitos casos, continuem a prevaricar.

É o que se passa na GNR, neste caso dos atos de tortura e abuso de poder que vitimou vários imigrantes asiáticos. São sete os militares envolvidos, filmaram-se uns aos outros a infligir maus-tratos aos desgraçados que sequestraram, três desses militares são reincidentes no mesmo tipo de crime, nada lhes aconteceu até agora. Continuam a vestir a farda.

RACISMO, XENOFOBIA, CRIMES DE ÓDIO

Felizmente que algumas das vítimas fizeram queixa ao Ministério Público e, devagarinho e com todas as cautelas, os processos lá vão andando…  e, agora, no despacho de acusação, está dito que os militares da GNR “faziam-no em manifesto uso excessivo de poder de autoridade que o cargo de militar lhes confere”. “Ódio claramente dirigido às nacionalidades que (das vítimas) tinham e apenas por tal facto e por saberem que, por tal circunstância, eram alvos fáceis”.

A instituição GNR tenta defender-se, dizendo que há “um processo inicial que data de 2018 e que é denunciado pela própria Guarda”, no qual “os factos dizem respeito a cinco militares do Destacamento Territorial de Odemira, envolvidos em agressões a indivíduos indostânicos”. A GNR acrescenta que reportou os factos ao Ministério Público e que foi instaurado um processo interno da responsabilidade da Inspeção Geral da Administração Interna.

Mas não aconteceu nada, por enquanto. Tanto que alguns desses cinco elementos da GNR fazem, agora, parte deste grupo de sete que foi indiciado em novos atos de tortura e abuso de poder.

A REGRA É O ENCOBRIMENTO

Quando se fala em casos deste tipo, que são frequentes tanto na GNR como na PSP, há sempre quem diga que são situações pontuais, localizadas, que não se deve generalizar porque a maioria dos elementos das forças de segurança é gente boa e devota. Mas talvez se possa dizer que as instituições tendem sistematicamente a esconder a ocorrência deste tipo de casos e que, sistematicamente, procuram encontrar atenuantes a estes comportamentos criminosos que levem à aplicação de penas suaves.

E também é raro ouvirmos falar de censura interna a quem pratica crimes. Onde está a maioria de homens bons e devotos das forças de segurança que não denunciam as maças podres, que não lhes dão uma carga de porrada no recato das esquadras e das casernas? Ao contrário, os raros homens de coragem que denunciam internamente essas situações acabam, invariavelmente, penalizados pela instituição.

Seria interessante que o IGAI ao investigar atos criminosos dos elementos das forças de segurança também investigassem a ligação dessas pessoas a movimentos internos de índole fascista e racista e quais as ramificações desses movimentos com partidos políticos. E que esses dados fossem tornados públicos.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui