O que se pode dizer do cabeça-de-lista do PSD nas autárquicas de Oeiras? Que é um político em construção. Começou por dar nas vistas com uns cartazes que foram entendidos como uma irreverência pouco cuidadosa. As poses e a mensagem transmitiam uma ideia jocosa e, ainda que digam mal deles, as pessoas preferem os que parecem sérios e não gostam de políticos que gozem com elas. As pessoas gostam de políticos que saibam usar a ironia ou, talvez, o sarcasmo. Mas não a badalhoquice. E o candidato Poço começou por dar esse ar de badalhoco, politicamente falando, é claro.

Mas, agora, entendemos a estratégia e percebemos que alguns até lhe vão tirar o chapéu. Poço atirou-se de um avião, com paraquedas é evidente, para mostrar que não tem medo da luta, nem mesmo de lutas que estão dadas como perdidas logo à partida.
O que ele diz, antes de se atirar do avião, é que sabe “que a maior parte das pessoas não querem ouvir o que um político tem para dizer” e então, para as obrigar a ouvir o que ele tem para dizer, tomou esta atitude de choque. “Porque eu vou dar tudo por Oeiras” foi o derradeiro grito antes do salto. E saltou.
Atitudes irreverentes, para chamar a atenção, não são raras na política. Assim, de repente, lembramo-nos do salto para as águas poluídas do Tejo do candidato Marcelo Rebelo de Sousa, quando foi pretendente à presidência da Câmara de Lisboa, em 1989. Ou a corrida entre um burro e um Ferrari promovida por António Costa na Calçada de Carriche, igualmente nas autárquicas em Lisboa, em 1993. Pelos vistos, na política autárquica, vale tudo para dar nas vistas.
Voltando ao candidato oeirense, nos próximos dias toda a gente vai falar dele. Num saltinho, consegue eclipsar Carla Castelo, que desafia Isaltino Morais com a sua coligação Evoluir Oeiras. Será que Carla vai agora atirar-se a um poço…?