Não se sabe quais as razões que levaram os outros cardeais a escolher o atual Papa, o processo está envolto no sigilo a que os participantes no conclave se comprometeram. Alegadamente, o conclave será imune a pressões do exterior, mas talvez não seja bem assim. A Igreja católica não é uma ilha, lê os sinais dos tempos.

Lembramo-nos bem do que Trump disse quando foi ao funeral do anterior Papa, que havia um cardeal americano “muito bom”. Referia-se ao cardeal Timothy Dolan. Não era este, é certo. Mas acabou por ser um outro americano o escolhido. Não há coincidências, certo? Até porque seria altamente improvável a Igreja Católica ter dois papas consecutivos provenientes do continente americano.
Entre mais de 130 candidatos, foram logo escolher um norte-americano, numa altura em que os EUA estão a lutar para manter a liderança mundial. O que é que este novo Papa tem que os outros candidatos não tinham?
Prevost não é uma figura carismática. Não estava na lista mediática dos “mais papáveis”. É considerado um moderado. Mas conhece bem o “aparelho” do Vaticano. Talvez tenha sido este último factor a jogar a seu favor. Como prefeito do Dicastério para os Bispos, Robert Prevost era o responsável pela escolha dos que iriam subir ao bispado, o que o colocava num posicionamento estratégico precioso. Cabia-lhe propor ao Papa as nomeações episcopais em praticamente todo o mundo (exceto na China que tem acordos especiais com o Vaticano). Ou seja, avaliava dossiês, perfis, competia-lhe tecer a malha fina do governo da Igreja. Ele tem informações privilegiadas sobre os membros da Igreja Católica (sabe dos pecados cometidos e das virtudes assinaladas) e domina as dinâmicas internas da Igreja. O que mais seria preciso para se ser escolhido? Talvez o desejo de Trump sobre um novo Papa norte-americano…

Será um Papa político. Cá estaremos para ver do que será capaz este Leão XIV.