UM SER HUMANO MUITO INTERESSANTE

João Botelho tocou na Banda de Palmela 74 anos e também formou um conjunto com os amigos. Uma vida dedicada à música.

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Teve Edite Amador, já nossa conhecida, por ser filha de Franquelim Amador, o célebre sapateiro de Santa Susana,  Alcácer do Sal, cuja memória aqui evocámos  – https://duaslinhas.pt/2024/03/o-sapateiro-que-foi-muito-alem-das-botas/ – a gentileza de nos enviar os vídeos do seu tio João Botelho, que faleceu, na altura do Covid, com 92 anos.

Quis dar-nos a conhecer esse seu tio, por ele ter sido, em seu entender, «um ser humano muito interessante». Viveu sempre na Quinta do Anjo, em Palmela; tocou na Banda de Palmela 74 anos e também formou um conjunto com os amigos; ou seja, uma vida dedicada à música.

recorte da página Mpart; música participada

Mas o que ora se nos pareceu interessante é que nos fez chegar o atalho para uma série de pequenos vídeos onde João Botelho nos conta tudo: como era feito o ensino de música, como se transportava a banda, como era a Festa da Fonte da Senhora e Sírios. Dá informações sobre a Banda da Quinta do Anjo e a Banda dos Loureiros, os instrumentos que havia no Conjunto de Monte Carlo, o reportório desse conjunto, como se fazia o transporte para os bailes e qual era o horário dos bailes, qual a tipologia dos grupos e o seu respectivo reportório, as esposas que acompanhavam a banda, o pagamento nas bandas…

recorte do índice de vídeos com as memórias de João Botelho em Mpart; música participada

Enfim, uma série de documentários de que, evidentemente, tem interesse em particular a referida banda, mas que retratam, dum modo geral, o que era essa actividade recreativa e social em meados do século XX. Um retrato vivo!

Estamos seguros de que o Município de Palmela vai querer guardar e dar a conhecer esses elementos, que indiscutivelmente se revestem do maior interesse para a memória local.

Bem fez quem teve a iniciativa de pôr João Botelho a contar da sua experiência. Jamais importa esquecer o axioma que reza assim: «Um velho que morre é uma biblioteca que arde». Neste caso, João Botelho morreu, mas as suas memórias ficaram. Há que as urgentemente as salvaguardar.

nota da redação: fica aqui um extrato (editado) dos vários vídeos gravados com as memórias de João Botelho, já nonagenário mas ainda de memória fresca.

vídeo

1 COMENTÁRIO

  1. António Gonçalves
    Sem dúvida… Grandes senhores da arte seja ela qual for, é realmente uma biblioteca que arde.
    Só realmente um homem como tu, Zé, apaixonado pela arte, e não falo apenas como professor sim como Homem se lembraria de tal Frase.
    Um forte abraço.

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