A primeira diz respeito ao impedimento decretado pelo governo dos filhos e outros familiares de José Eduardo dos Santos visitarem a campa do pai. Diz Tonet que “o corpo de JES, por alegada ordem e graça do Presidente da República, João Lourenço, de tal monta que os filhos e familiares directos, não conseguirem ver o corpo do pai, com regularidade, por restrições superiores.” A ser assim, é como ter um cadáver aprisionado numa solitária.
A segunda nota que queremos realçar diz ainda respeito à família do defunto Presidente. Depois de referir que “o indulto concedido, no 1 de Janeiro de 2025, ao filho varão, José Filomeno dos Santos, “Zenú dos Santos”, não apaga a mágoa de ter sofrido humilhação, prisão ilegal, devassa a vida pessoal, difamação caluniosa e, para rematar, proibição de visitar o pai, em Espanha, quando este, já se encontrava em coma”, o diretor do Folha 8 dá conta das sucessivas tentativas falhadas das entidades angolanas de prender Isabel dos Santos.
“Não cessou a perseguição impiedosa à primogénita de JES, numa obsessão indescritível de a ver atrás das grades. As inúmeras deslocações de oficiais da Segurança e da Procuradoria Geral da República, ao Dubai, com objectivo de a prender e extraditar, para ser apresentada como o maior troféu, do alegado combate aos crimes de corrupção”, lê-se no editorial. Não teria novidade esta resenha se Tonet não tivesse explicado que a segurança de Isabel dos Santos está a cargo de agentes russos, “altamente preparados, ligados ao ex-grupo Wagner”, instruídos para agir ao mínimo sinal de perigo, uma operação autorizada pelo próprio Presidente Putin, diz o Folha 8 citando uma fonte anónima.
Não esquecer que Isabel dos Santos é filha de uma cidadã russa e que sempre manteve a nacionalidade da mãe.
Significa isto que Isabel dos Santos corre sérios riscos. Não se trata apenas da eventualidade das autoridades do Dubai decidirem alinhar com os desejos do Governo de Angola, mas segurança privada a cargo de operacionais especializados significa perigo de sofrer um atentado contra a sua vida ou de ser assaltada e levada sob sequestro para Angola, numa operação militar irregular dos serviços secretos angolanos.
O editorial
O editorial assinado por William Tonet não é sobre a família Santos, é mais um libelo sobre corrupção nos serviços do Estado angolano, nepotismo e tratamento de favor dispensado a personalidades importantes do MPLA, o partido que se eterniza no poder.
Para os interessados em ler o editorial, está neste link.