Um salão que esteve lotado por completo, com gente de uma geração que intensamente viveu os anos 60, quando o francês era a nossa segunda língua, o cinema francês (o Jean-Luc Godard, o François Truffaut, o Alain Resnais, o Claude Chabrol, a Agnès Varda…) nos encantava e os nossos ídolos era essa a língua que falavam: Charles Aznavour, Mireille Mathieu, Gilbert Bécaud, Sylvie Vartan, Adamo, Françoise Hardy, Jacques Brel, Joe Dassin…
O acordeonista – Alexandro Bacelona – fez-nos lembrar o Michel. Francês, nascido em Paris em 1948 e desde 1979 a viver em Portugal, perito no sapateado que dançava de acordeão ao peito, Michel deliciava-nos nas ruas e nas festas. Pois Alexandro, que tinha dificuldade em parar quieto no palco, foi também, neste concerto, o histrião, o animador, o apontamento jocoso à boa maneira dos concertos dessa era (não tão remota assim…) que, no passado dia 6 de Novembro, abrilhantou o espectáculo ímpar que Jonathan Dassin nos proporcionou, a cantar algumas composições suas, mas sobretudo as canções de seu pai.
E – perdoem-me o saudosismo! – foi deveras eloquente sentir o público cantar e vibrar, como decerto outrora cantou e vibrou, com Si tu n’existais pas, Les Champs Elysées, L’Été Indien, Toi et moi, L’Amérique… essas românticas melodias com que só a França desses anos nos soube presentear. E também a Guantanamera soubemos entoar!…
80 minutos de saudade quase saciada!
Um espectáculo em que Jonathan amiúde nos fez crer, fechando os olhos, que voltávamos décadas atrás. Composições que vieram vestidas de novas roupagens, arranjos de mui agradável recorte que os músicos sabiamente interpretaram com virtuosismo, a que se aliou a voz agradável da soprano algarvia Ângela Silva: Bastien Aubry, em guitarra; Gabriel Poupau, no baixo; Franck Marco, na bateria; Jorge Almeida, no trompete; Jarrett Butler, no trombone; e Gonçalo Almeida, em saxofone alto. Como se sabe, além do mavioso acordeão, que sublinhava melodias e, por vezes, partia em desfilada, os metais detêm nas músicas de Joe Dassin um papel fundamental e viu-se como os músicos souberam desempenhar bem o seu papel.
Noite memorável, esta – a abrir o apetite para que melodias doutros intérpretes dessa nouvelle vague comecem a vir até nós.