Tahar Ben Jelloun é um dos meus escritores de eleição cujos livros leria sem hesitar nos meus últimos dias de vida aqui na terra.
Não tenho um livro favorito dele (gosto de todos) mas “O Albergue dos Pobres” (a sua vigésima sexta obra) é genial. E é genial porque narra a história de um homem contrariado, a história de um artista atingido pela paixão, no fundo, a história de um ser que poderia ter continuado a viver a sua vidinha mais ou menos tranquila e resignada mas que, pelo contrário, teve a coragem de partir.
O protagonista, um professor universo marroquino, narra-nos a sua própria história, isto é, a história de um homem que partiu e regressou depois dessa longa viagem com a certeza de que por detrás das coisas há sempre outras coisas… Alguém que por não gostar de meias-tintas (e para quem o morno não existe) acaba por se queimar. É também um aprendiz de escritor, um contador de histórias – qual Tahar Ben Jelloun – um indivíduo consciente de que estamos quase sempre do outro lado do labirinto e que esse labirinto somos nós.
Depois há o seu casamento, a sua ausência de casa, há as personagens femininas, as novas e a Velha. E para todas elas, uma coisa é certa: “lavados ou não, os patifes são sempre patifes.”
É um livro de uma grande profundidade que nos leva a refletir sobre as diferenças culturais Europa/África, as nossas raízes, os valores da vida, a morte, as relações humanas, a felicidade, o amor, a coragem e, acima de tudo, a necessidade de não fazermos batota com o tempo.