Quatro ONG que se dedicam à luta contra a corrupção escreveram às autoridades de Portugal e Angola, exigindo saber o que se passa com os bens apreendidos a Isabel dos Santos. Segundo eles, os bens ainda não foram recuperados pelo Estado angolano.
Na carta, as quatro organizações manifestaram “preocupação com as notícias que vieram a lume nos últimos dias de que as autoridades angolanas e portuguesas continuam a discordar no que toca à devolução dos bens de Isabel dos Santos apreendidos em Portugal na sequência do escândalo conhecido como Luanda Leaks”.
Os signatários notaram que Isabel dos Santos pode “já ter conseguido desviar grande parte destes fundos para paraísos fiscais ou para a sua ‘jaula dourada’ no Dubai”. Isabel dos Santos vive no Dubai, enquanto que em Angola é acusada de vários crimes, incluindo branqueamento de capitais, peculato e fraude fiscal.
Isabel dos Santos nega ter cometido qualquer ilegalidade e acusa Angola de agir de má-fé e que tudo se trata de vingança política.
As quatro organizações são Mãos Livres, Omunga, Pro Bono Angola e Uyele e questionam as razões de certos ativos não terem sido devolvidos ao povo angolano, incluindo o valor da participação maioritária de José Eduardo dos Santos na empresa de engenharia portuguesa Efacec. As ações de José Eduardo dos Santos foram nacionalizadas pelo governo português em 2020, na sequência das revelações do Luanda Leaks, e posteriormente vendidas. Mas o dinheiro não foi entregue ao Estado angolano.
Há ainda a questão da venda do banco português EuroBic ao banco espanhol ABANCA, no qual Isabel dos Santos detinha uma participação de 42,5%. As ONG questionam a legalidade da venda e querem saber quanto recebeu a filha do antigo Presidente angolano pelo negócio.
Em janeiro, o Ministério Público angolano acusou Isabel dos Santos de 12 crimes, afirmando que ela defraudou o país em 219 milhões de dólares enquanto estava à frente da petrolífera estatal.