O Tribunal Europeu diz que a Comissão Europeia violou a lei ao manter um sigilo excessivo sobre os contratos de compra de vacinas anti-covid 19. “A Comissão não facultou ao público um acesso suficientemente amplo ao acordos de compra de vacinas contra a Covid-19”, diz o Tribunal, numa decisão datada de 17 de julho.
Sem nunca mencionar o nome de Ursula von der Leyen, segundo o comunicado divulgado pelo Tribunal Europeu de Justiça, o acordão refere que “no que respeita à proteção da vida privada das pessoas, invocada pela Comissão para recusar, em parte, o acesso aos contratos e às declarações dos membros da equipa que negociou a compra das vacinas, de que não tinham conflito de interesses, o Tribunal considera que as pessoas (eurodeputados) que interpuseram o recurso demonstraram devidamente a finalidade do interesse público na divulgação dos dados pessoais dos membros dessa equipa. Foi apenas ao ter os nomes, apelidos e dados relativos ao papel profissional ou institucional dos membros da equipa, que foi possível questionar se poderia haver ou não um conflito de interesses, de alguns desses membros”.
O CONFLITO DE INTERESSES
O Tribunal frisa ainda que “a Comissão não teve suficientemente em conta todas as circunstâncias pertinentes para ponderar corretamente os interesses em causa, relacionados com a inexistência de um conflito de interesses”.
A questão subjacente a isto é que Ursula von der Leyen é casada com Heiko von der Leyen, um médico alemão que é diretor da Orgenesis, uma empresa detida pela Pfizer. A Orgenesis é especializada em terapias celulares e genéticas e foi pioneira no desenvolvimento de vacinas anti-covid. Com esta empresa, Ursula von der Leyen assinou um contrato de 71 mil milhões de euros para comprar 4,6 mil milhões de doses da vacina.
Nada disto impediu que Ursula von der Leyen voltasse a ser eleita para a Presidência da Comissão Europeia. Nesta eleição recebeu o voto de 401 eurodeputados. O Parlamento é composto por 719 deputados, sendo necessária uma maioria de 360 votos. Por voto secreto, em papel, 401 deputados mostraram-se a favor da eleição de Ursula von der Leyen, 284 contra e 15 votaram em branco. Sete boletins foram considerados nulos.