PARA TODO O SERVIÇO…

… Já não há! Nem para os serviços mais elementares quanto mais para todos! Contudo, um manto de esperança está a envolver o palco do Mirita Casimiro, em Cascais. Para algum serviço há-de haver gente.

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A esperança é que, no âmbito do Teatro e afins, os jovens que ora passaram na PAP (Prova de Aptidão Profissional, a prova final da Escola Profissional de Teatro de Cascais) venham a ter ocupação, alcancem o sonho acalentado durante três férteis anos de muita aprendizagem. «A todos desejo um futuro onde se sintam bem, realizados e criativos» – escreveu Fernando Alvarez.

O espetáculo é a Prova de Aptidão Profissional dos 45 alunos finalistas da Escola Profissional de Teatro de Cascais, que são acompanhados em cena por Luís Barros e pelos atores residentes do TEC – Luiz Rizo, Sérgio Silva e Teresa Côrte-Real

Agarrou Miguel Graça em duas peças do conhecido comediógrafo italiano Carlo Goldoni (1707-1793), Arlequim, Servidor de Dois Amos e Criadas para Todo o Serviço, e juntou-as numa só, esta Comédias para Todo o Serviço, mantendo, porém, as características de cada uma. Assim, cada ‘companhia’ deveria esmerar-se na apresentação, para ganhar as boas graças da Senhora, que uma – apenas uma – iria contratar.

Um desafio duplo, portanto: o de cada “companhia” e o de cada um dos candidatos ao diploma de actor. Ou seja, o campo ideal, esse, para os dois objectivos em vista. Teve a Senhora dificuldade em escolher; os jurados assistiram várias noites ao desempenho dos vários elencos, a fim de cotaram os examinandos.

Tudo, no entanto, num clima da maior festa, da maior movimentação, da jovial entrega. Sem barreiras em relação ao publico, dando mesmo a impressão de que todos somos participantes nesse jogo. Jogo de poder, de intriga, de dinheiro passado por baixo da mesa…

E aí somos chegados. Teatro sim, mas teatro-vida, teatro-realidade. A rir se escalpelizam atitudes, todas as atitudes, numa crítica social de todos os tempos, que só o Teatro sabe veicular.

E isso aprenderam bem os candidatos, mormente quando se chocam os encenadores de cada grupo, a mutuamente se criticarem, por terem partido de plataformas ideológicas diferentes. A Senhora irá pôr água na fervura, que também para ela o Teatro que deseja contratar tem de ver a realidade, tem de a mostrar nua e crua, sem máscaras, doa a quem doer.

Louvor se dá à original encenação; ao bem apanhado artifício para ir mudando de cenário em cena; aos singulares figurinos; à presença à vista de todos do ponto (um achado, hilariante quando, por exemplo, ajuda o gago a completar a palavra); e, antes, à solicitação feita a vários dos estudantes para darem conta, em livre depoimento escrito, do que foi a sua experiência, o seu sentir, a sua ansiedade, desde a primeira leitura do texto aos ensaios de voz e de movimentos. Essa, uma inovação nos textos de apoio que merece boa pontuação.

Se saímos contentes do Mirita Casimiro? Saímos. A pensar que Carlos Avilez deve ter ficado feliz – ainda que apreensivo pelo futuro – ao ver que o seu projecto se tornou vida, mais uma vez, nesta 182ª produção do seu Teatro Experimental de Cascais.

Comédias para Todo o Serviço, estreada no dia 9, está em cena no Teatro Municipal Mirita Casimiro (Monte Estoril), de 3ª a sábado, a partir das 21 horas; aos domingos a partir das 16. Até ao próximo dia 28.

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