O filme “Segredos Oficiais” (2019) conta a história de como a analista dos serviços de inteligência britânicos, Katharine Gun, obtém um memorando em que se detalha uma operação conjunta dos EUA e da Grã-Bretanha para espiar diplomatas de vários estados membros não permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a fim de encontrar “podres” e influenciar o Conselho de Segurança a aprovar uma resolução apoiando a invasão do Iraque. O memorando acaba nas mãos da comunicação social, Katharine é detida e acusada de traição. No dia do julgamento, o promotor da Coroa retirou todas as acusações, alegando-se que processá-la teria mostrado que o Governo de Tony Blair levou o Reino Unido à guerra sob falsos pretextos.
Em Portugal, enquanto primeiro-ministro, Durão Barroso, coligado com Paulo Portas, selou a Guerra do Iraque nos Açores, enquanto jurou solenemente perante os deputados ter confirmado a existência de armas de destruição em massa (que nunca existiram). O certo é que foi catapultado para a Presidência da Comissão Europeia. Daí para a Presidência da Goldman Sachs foi um instantinho, até terminar gloriosamente na GAVI (Aliança Global das Vacinas). (in Os rebenta vidas, Joana Amaral Dias, 16 de Junho de 2024, Jornal Sol)
Interessante não é? Voltamos a isto no final do artigo.
1.
Inesperadamente, nos últimos dias, o assunto dos lesados das “vacinas” covid parece estar a surgir muito timidamente na comunicação social dita generalista.
Este tema tornar-se-á, a curto prazo, inevitável e já temos algumas evidências disso mesmo: o ex-director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), Robert Redfield, que esteve em funções durante grande parte de 2020, admitiu recentemente em entrevista que acreditava na teoria da “fuga de laboratório”, em consequência de estudos de desenvolvimento de vacinas em Whuan. Admitiu ainda que a pressão para a vacinação generalizada (e não só de vulneráveis) veio da Big Pharma (Pfizer e Moderna) e que as vacinas de mRNA tornam o corpo humano capaz de produzir proteínas citotóxicas. Também afirmou que houve um esforço concertado CDC, sob a direção de Rochelle Walensky e do governo Biden, para não divulgar informações que pudessem fazer as vacinas parecerem deletérias.
O antigo responsável falou ainda dos confinamentos, que considerou “um exagero”, e várias medidas de gestão da pandemia, que apelidou de “emocionais”. Segundo Redfield “houve excesso por parte do Governo, acho que não há dúvida sobre isso”. “Posso até argumentar que piorou no governo Biden. Por exemplo, as vacinas nunca poderiam ter sido obrigatórias, ponto final. Decisão terrível. Estas vacinas não previnem a infeção.”
Um verdadeiro negacionista este Dr Redfield!!
Outro sinal que a narrativa covid trepida cada vez mais prende-se com a recente atualização, por parte da Chocrane, do seu comentário à revisão sobre “Intervenções físicas para interromper ou reduzir a propagação de vírus respiratórios”, que refletia sobre a falta de evidência que apoiasse as medidas impostas durante a pandemia (máscaras, confinamentos, etc). Sob pressão de um influenciador do New York Times, o Editor-Chefe da Cochrane publicou um comunicado questionando a dita revisão e as suas conclusões.
A Cochrane publicou agora um comunicado que anula esta afirmação.
2.
Continuo a considerar que grande parte do caos que vimos em 2020 se deveu à tendência crescente de legitimação da cibervigilância (ou a guerra comercial EUA – China), com um (grande) empurrão da eleição de Donald Trump e do resultado do referendo ao Brexit. De repente os “maus” (vulgo ala tipicamente oportunista ou populista) estavam a ganhar no jogo da manipulação da opinião pública e (inadmissível) usando as mesmas técnicas dos “bons” (vulgo os que já lá estavam antes, quem quer que eles sejam, mas a que se tende a chamar de forma muito vaga “elites”). Mas o contexto deverá ser ainda mais complexo.
Embora seja de importância fulcral falar das vítimas das ditas inoculações covid, considero importante também analisar de onde tudo partiu. O que é facto é que basta uma pesquisa rápida na internet para percebermos que o modos operandi das grandes farmacêuticas foi sempre basicamente o mesmo, com uma certa sofisticação ao longo dos anos. O que não estamos habituados a ver é este falhanço gritante e descarado das entidades reguladoras e de aconselhamento em saúde pública, que deveriam “travar” os avanços dos interesses corporativos em favor do interesse público e comunitário.
Aqui a OMS falhou. Já havia falhado no passado com a Indústria tabaqueira e volta a falhar no presente com as parcerias público-privadas que parecem estar dispostas a acreditar que as vacinas são panaceias para as ditas “pandemias” que agora existem a cada esquina e que para isso é absolutamente necessário criar um mercado autossustentável.
Regulação? O que é isso?! Eles autorregulam-se e em último caso o Director-geral da OMS decide em conjunto com os seus conselheiros da… indústria farmacêutica.
É a isto que o Tratado Pandémico se resume. No entanto, de algum modo, a resistência mundial surtiu nele algum efeito, nomeadamente dentro das reuniões à porta fechada. A Assembleia Mundial de Saúde (AMS), que se iniciou a 27 de Maio, começou com o anúncio que a resolução deste documento estaria adiada por um ano. A principal razão parece ter sido uma contínua relutância dos países africanos.
3.
Grande excitação na resistência mundial! Já sabia a vitória.
Mas ainda faltavam as emendas ao Regulamento Sanitário Internacional (RSI) que, de acordo com o artigo 55º da própria constituição da OMS, deveriam ter sido apresentadas 4 meses antes da AMS. Naquele momento, portanto, as emendas ainda se encontravam em discussão em reuniões do grupo intergovernamental (INB), que se prologariam durante essa semana. As negociações continuaram em paralelo com a sessão da AMS, até que um texto final de consenso foi alcançado.
França, Indonésia, Quénia, Nova Zelândia, Arábia Saudita e EUA são os autores da resolução, adotando as alterações, tendo o Canadá como co-patrocinador. No webcast público (Plenário, 1º de junho de 2024, 20h55-22h50), o Presidente da AMS optou por não solicitar uma votação formal levantando a mão após a leitura do texto em voz alta.
Ambos os textos foram apresentados com uma pressa invulgar por aqueles que aconselharam, apoiaram e ordenaram respostas catastróficas de saúde pública à Covid-19. Ignorando as prováveis origens laboratoriais da Covid, a narrativa oficial sobre apoiar estas medidas continua a ser que “o mundo não está preparado para a próxima pandemia”. Pondera-se por isso gastar 30 mil milhões de dólares por ano em vigilância e outras medidas destinadas exclusivamente a surtos naturais, partindo do princípio que estas irão, de alguma forma, resolver alguma coisa.
4.
A 77.ª AMS enviou um aviso claro ao mundo de que a agenda pandémica global está a avançar. A OMS está no comando, com o consentimento dos Estados Partes, para ignorar os requisitos processuais para realizar o trabalho. A deplorável ausência de questões sérias na AMS sobre i) os custos económicos versus benefícios desta agenda, ii) o impacto potencial de novas alterações nos direitos humanos, e iii) os fundamentos científicos da abordagem de vigilância sistemática, sinalizam que os impulsionadores estão a ser movidos por razões políticas e não por razões científicas.
Se dúvidas houvessem sobre a quem obedece a OMS bastaria observar em como logo na abertura da AMS foram premiados os dois prémios Nobel da Fisiologia e Medicina de 2023: Katalin Karikó, directamente dos quadros da Pfizer, e Drew Weisman, que num artigo de 2018 alertava para os potenciais riscos da tecnologia de mRNA, como o desenvolvimento de doenças auto-imunes e “coagulação sanguínea e desenvolvimento patológico de trombos”. Entretanto parece ter-se esquecido.
Um total de 45 oradores, representando países e grupos regionais e totalizando 109 Estados Partes, manifestaram o seu compromisso com esta abordagem multilateral. A Etiópia falou em nome de 48 países africanos, o México em nome de 16 países americanos e a União Europeia em nome dos seus 27 membros.
Enquanto a OMS se vangloriava por um resultado “histórico” milhares de pessoas manifestavam-se à porta do Palácio das Nações, onde decorria a Assembleia Mundial de Saúde, contra esta agenda.
Apesar disso, houve um grupo de países (Argentina, República Islâmica do Irão, Países Baixos, Eslováquia, Rússia e Reino Unido) que tomaram a palavra para reivindicar o seu direito de examinar cada uma das alterações a nível nacional de uma forma racional.
5.
A maior parte das novas alterações ao RSI são derivados do rascunho de Abril de 2023 e entrarão em vigor dentro de 12 meses. Todos os Estados Partes, exceto quatro que rejeitaram as alterações de 2022 (República Islâmica do Irão, Países Baixos, Nova Zelândia e Eslováquia), terão 10 meses para rejeitar ou fazer reservas. Portugal é um deles.
Um resumo das principais alterações, segundo o cientista David Bell:
- A definição de emergência pandémica foi modificada em comparação com a do projeto de abril. A partir de agora, a emergência incluirá não só uma pandemia, mas também ameaças de pandemia, eventos “de alto risco de…”. Nomeadamente eventos ou ameaças potenciais que causem “perturbações sociais e/ou económicas substanciais”.
- A definição de “produtos de saúde” foi consideravelmente alargada para abranger “equipamentos de proteção individual, produtos de descontaminação, produtos de assistência, antídotos, terapias baseadas em células e genes, e outras tecnologias de saúde”. Basicamente, quaisquer produtos comercializáveis no sector da saúde irão satisfazer a definição. É importante estabelecer isto, tendo em conta a exigência constante dos atuais projetos do Acordo sobre a Pandemia de que os países forneçam uma parte desses produtos gratuitamente à OMS, quando solicitado.
- Ao artigo 3 dos princípios foram acrescentadas as palavras “equidade” e “solidariedade”, sem modificar a versão original de “respeito pela dignidade, pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais das pessoas”.
- No artigo 4, os novos parágrafos 1bis e 2bis “exigem” que os Estados modifiquem as suas disposições legislativas e/ou administrativas para que a Autoridade Nacional do RSI se encarregue da implementação do RSI. Assim, esta autoridade será a responsável pela monitorização e vigilância, bem como pelas medidas e respostas preventivas.
- No artigo 5, o anexo 1 contém uma ampla lista de atividades de vigilância e notificação para os Estados. Esta é uma obrigação dos Estados, de acordo com o Artigo 19(a). Se não estiver em vigor no prazo de 5 anos, a OMS poderá fazer recomendações permanentes (nos termos do Artigo 16) para o cumprimento.
- Artigo 12. Determinação de uma emergência de saúde pública de importância internacional, incluindo uma emergência pandémica. Esta alteração mantém o Director- Geral (DG) como a única pessoa que declara uma emergência de saúde pública de importância internacional, incluindo uma emergência pandémica. Lida em conjunto com a definição de emergência pandémica constante do artigo 1.º, poderão ser esperadas declarações de pandemia mais frequentes. O atual DG declarou emergência para a varíola dos macacos após apenas cinco mortes em todo o mundo, num grupo demográfico restrito.
- Toda uma indústria de produtos pandémicos será facilitada e implementada pela OMS, sem quaisquer mecanismos de supervisão, transparência e responsabilização a serem estabelecidos no âmbito do RSI para evitar ou minimizar enormes e óbvios conflitos de interesses e riscos de corrupção.
- Os Estados Partes que solicitaram ou aceitaram a intervenção da OMS terão de colaborar com outros Estados Partes ou com a OMS, no que diz respeito ao acesso e distribuição equitativa de produtos de saúde relevantes.
- O Artigo 15, tal como anteriormente, confere ao DG da OMS o poder de fazer recomendações temporárias (enumeradas no Artigo 18, incluindo, por exemplo, histórico de viagens, exames médicos, vacinações necessárias, rastreio de contactos, etc.) aos Estados durante uma PHEIC (emergência de saúde pública de particular preocupação). Isto é agora alargado a situações de emergência pandémica, talvez para compatibilidade com um futuro Acordo Pandémico. A lista de medidas de saúde a serem incluídas é ampliada para “produtos de saúde relevantes”. Deve recordar-se que os países não têm a obrigação de implementar as recomendações feitas ao abrigo do Artigo 15.º
- Criação de “Comité dos Estados Partes”
- A ampla lista do Anexo 1 de meios e estruturas a serem implementados parece, a um nível superficial, ser um bem público. A OMS irá monitorizar o cumprimento, o que muitos justificarão como sendo para o bem de outros países que poderão, em última análise, ser afetados por um grande surto. A realidade no terreno é diferente. Todos os Estados-Membros da OMS têm um fardo de doenças muito superior ao imposto nos últimos quatro anos pela Covid-19. Grande parte da população de 1.3 mil milhões de habitantes da África Subsariana, por exemplo, enfrenta elevados encargos contínuos de malária, tuberculose e VIH/SIDA, que são agora exacerbados por um aumento da insegurança alimentar e da subnutrição. A maioria destes países apresenta grandes lacunas na gestão básica destas doenças, todas elas evitáveis ou tratáveis.
O RSI exige-lhes agora que transfiram recursos de doenças de carga maior para uma área que tem pouco impacto nas suas populações. A ajuda externa também será desviada. Embora exista alguma intersecção nos benefícios da vigilância, a vigilância de surtos de repercussão zoonótica dispersos previstos pelo RSI e pelo projeto de acordo pandémico são muito diferentes daquelas de doenças endémicas. Há, portanto, poucas dúvidas de que o desvio de recursos de problemas de elevado peso para problemas de baixo peso terá resultados globais negativos na saúde, especialmente nos Estados de rendimentos mais baixos.
- O anexo 2 estende o diagrama de decisão para relatar um surto ou risco de surto a qualquer patogénio desconhecido ou patogénio conhecido de risco teórico, além de doenças nomeadas anteriormente consideradas de alto risco. É semelhante a ter uma lista aberta de doenças de notificação obrigatória. Juntamente com o Anexo 1, aumenta o risco de impor restrições e danos económicos ao declarar emergências para eventos naturais de baixo risco.
6.
Então em que ficamos?
Provavelmente sem toda a contestação social que se fez no último ano, os documentos teriam avançado e este atraso ou adiamento trata-se indubitavelmente de uma vitória. No entanto, a insistência em aprovar emendas a todo o custo e até de forma ilegal deixa transparecer que existe uma necessidade imperativa de criar este complexo burocrático, provavelmente a troco de fundos privados.
No mesmo dia 1 de Junho em que se finalizava a AMS, outro encontro em Genebra tomava lugar, no qual participaram vários advogados de todo o mundo e organizado pelo advogado suíço Philipp Kruse. Nesse encontro, a advogada holandesa Meike Terhorst declarou que a a Delegação Indiana lhe tinha confidenciado que a delegação dos EUA estaria a pressioná-los para que o RSI fosse adotado. “Por discrição ou força. É assim que funciona o cartel da OMS.”
Escreve a jornalista e advogada Shabnam Palesa Mohamed, que também esteve presente, que conseguiu confirmar: “A perceção que é feita: Não houve acordo. Mas os delegados estão a ser pressionados a assinar esse acordo hoje.”
Nada foi aceite. A OMS está a agir como se todos concordassem e, mais tarde, tentará mudar as emendas. “Estão a tentar enganar a humanidade”.
“Fomos informados de que os nossos países seriam colocados na lista negra, embargados e marginalizados diante dos grande media, e que as viagens internacionais seriam restritas.”, afirmou.
“Os Estados-membros estão a ser pressionados e ameaçados. Os Estados-nação disseram que não se curvariam à pressão”. Alguns delegados deixaram a AMS 77 mais cedo em protesto.
“Os países que intervieram imediatamente após a adoção desassociaram-se das emendas do RSI de 2005”.
7.
O que é certo é que apenas 37 países, de entre 194, manifestaram o seu apoio. E perigosas palavras como “coerção” e “desligaram os microfones” começam a ser ouvidas nos corredores supranacionais. Devemos lutar fortemente contra este tipo de “atividades”, sobre pena do que hoje se tratou de aceitação por falta de rejeição se torne em algo imposto de modo declarado.
Em 2003, na sequência do 11 de Setembro e apesar de não estar relacionado com ele, os EUA lideraram um conjunto multinacional de países na invasão do Iraque sobre falsos pretextos. Houve coerção, houve mentiras e houve muito trabalho sujo para justificar algo que depois se veio a revelar uma (grande) mentira.
Há 15 anos atrás Julian Assange, um jornalista e ativista fundador do Wikileaks, denunciou ao Mundo os crimes de Guerra dos EUA no Afeganistão, Iraque e Guantánamo, declarando que o objetivo sempre foi as “guerras intermináveis”. O ex-espião Edward Snowden não foi tão radical, mas alertou para o crescimento da vigilância generalizada, imitando-se o modelo chinês.
Olhando em retrospetiva, são sempre as mesmas personagens, as mesmas instituições, com métodos assustadoramente semelhantes. A burocracia da guerra parece ter entrado num novo patamar bélico, mas a metodologia de ação não diverge muito do passado. Depois da Covid-19, aceleram-se as agendas de transição para o dinheiro digital, diabolizando-se o dinheiro físico como veículo de doenças, apesar de informações contraditórias da OMS e dos Banco Centrais terem demonstrado que os teclados numéricos associados aos pagamentos digitais representavam um risco maior de contágio viral (in “Dinheiro Digital”, Brett Scott).
A aliança entre a tecnologia e a finança em prol do capitalismo de vigilância, seguindo o mesmo curso da saúde e da comunicação, todas as áreas essenciais à sobrevivência humana.
Ventos estranhos sopram dos lados do centro da Europa. Ou nos manifestamos ou serão os nossos filhos a sofrer pelo nosso silêncio.