Acabo, por exemplo, de receber informação de que a Universidade de Zaragoza publicara há dias o livro Cives Romanae. Roman Women as Citizens during the Republic, editado sob coordenação das doutoras Cristina Rosillo-López y Silvia Lacorte, em que se demonstra, por A + B que, ao contrário do que se propalava, já durante a República Romana, cabia à Mulher o direito de ser cidadã romana!

Foi, porém, não essa notícia, mas a ida a Armamar que me sugeriu esta crónica, porque, ali, o vetusto e imponente edifício da antiga Adega Cooperativa foi transformado no Centro Interpretativo da Mulher Duriense (CIMD).
Sob o signo de «Do Douro para o mundo, mulheres de mãos dadas», assume-se o CIMD como «um espaço de apresentação, discussão e preservação da memória das mulheres da Região do Douro, relacionando-a com outras geografias nacionais e internacionais», pegando também na paradigmática frase de Maria Teresa Horta, «As mulheres voam como os anjos: com as suas asas feitas de cristal de rocha da memória».
Oportuna, sem dúvida, esta chamada de atenção, se levarmos em conta que, debruçadas sobre o rio Douro, as terras de Armamar mostram as vinhas em socalcos, obra que se diz ser «do Homem» pelo domínio da rude Natureza. Do Homem, será; mas a essa epopeia nunca foi alheia a Mulher.

Daí, a justeza da criação, a 6 de Julho de 2023, deste Centro, dando nova vida a um edifício que, por via das novas circunstâncias económicas, deixara de ter uso. De resto, ali prontamente se gerou também «um espaço de mostra e valorização dos produtos endógenos», materializado no Núcleo de Valorização e Promoção de Produtos Locais.
Por conseguinte, ali, através de «diferentes experiências visuais e sonoras, ilustradas por textos, fotografias de grande escala, filmes de arquivo e entrevistas a várias mulheres durienses que partilharam as suas vivências», não só se toma consciência de um passado opressivo, «como também se dá lugar a uma mensagem de esperança perante as vigentes conquistas em relação ao papel atribuído às mulheres em sociedade».

Uma exposição que dá gosto visitar, mormente – e isso particularmente me cativou – pela engenhosa ideia de se aproveitar a portinhola das antigas cubas para se espreitarem, em reconstituições-miniatura, os diversos ambientes em que o papel da Mulher sempre foi fundamental, nomeadamente no retrato da vida doméstica – pretexto, aliás, para mostrar como, em jeito etnográfico, em tempos, se vivia em Armamar.

E, como não podia deixar de ser, integrando já a Rede de Museus do Douro, para ali se programam exposições, conferências, colóquios e outras iniciativas. Aliás, foi na Sala Multiusos do Centro – completamente lotada – que se realizaram, para os estudantes do Agrupamento de Escolas Gomes Teixeira e para a população, as conferências integradas nas Jornadas Europeias de Arqueologia, no passado dia 14: agentes da Guarda Nacional Republicana falaram sobre segurança e houve oportunidade de, noutra conferência, se chamar a atenção para as «estranhas histórias» que, em todos os tempos, mormente no tempo dos Romanos, as pedras com letras nos podem contar.
De: Claudia Jesus
18 de junho de 2024 11:01
Não há palavras Senhor Professor José!
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Que Deus lhe dê saúde!
Cumprimentos
Cláudia Jesus Damião
Vereadora