MATARAM O MÉDICO E OS DOENTES

Foi detido e morreu na prisão uns dias depois. Era médico ortopedista e trabalhava num hospital na Faixa de Gaza. Não era combatente.

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A detenção do médico Adnan Al-Bursh foi em dezembro. A morte dele foi assumida pelas autoridades militares israelitas em abril. Há testemunhos de palestinianos que estiveram com ele na prisão que dizem que era evidente que Adnan Al-Bursh tinha passado pelo inferno, que tinha sido torturado pelos militares.

Adnan Al-Bursh

Agora, em maio, um grupo organizado de prisioneiros palestinianos anunciou que Al-Bursh, o chefe de ortopedia do Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, morreu na prisão de Ofer, na Cisjordânia, a 19 de abril. Os militares israelitas não explicaram as circunstâncias em que este prisioneiro morreu.

Segundo relata o jornal Haaretz, testemunhos de outros prisioneiros palestinianos garantem que ele estava em péssimas condições de saúde. A família está convencida de que ele morreu como resultado de tortura. Os serviços prisionais israelitas não devolveram o corpo à família e não há conhecimento de que tenha sido feita alguma autópsia para determinar as causas da morte.

Al-Bursh tinha 50 anos, trabalhava no Hospital Al-Shifa quando a guerra começou, em outubro passado. Quando as forças israelitas ocuparam esse hospital por ser alegadamente um centro de comando do Hamas, Al-Bursh foi para o Hospital indonésio em Beit Lahia. Quando esse hospital também foi bombardeado, ele foi para o Hospital Al-Awda, no campo de refugiados de Jabalya, ao norte da Cidade de Gaza. Neste périplo foi ferido, recuperou e voltou ao trabalho. Desde outubro, a família só o viu uns dias em novembro.

A mulher de Al-Bursh disse ao jornal Haaretz que “ele falava comigo por telefone quando era possível e perguntava pelos nossos seis filhos”, conta Yasmin. “Pedi-lhe para voltar para casa, mas ele insistiu em ficar com os doentes.”

Al-Bursh foi detido pelos militares em dezembro, quando as forças israelitas chegaram ao Hospital Al-Awda. Os militares disseram ao Haaretz que ele foi detido por suspeita de envolvimento em terrorismo.

Al-Bursh foi identificado e fichado em 19 de dezembro, no dia seguinte foi levado para o centro de detenção de Kishon, em Haifa, no norte de Israel.

Segundo relata o Haaretz, depois de ser interrogado na prisão pelo serviço de segurança Shin Bet, Al-Bursh foi transferido para a prisão de Ofer, onde terá falecido. Há relatos de prisioneiros palestinianos que garantem ter estado com ele num centro de detenção perto de Be’er Sheva, no sul de Israel.

Os serviços prisionais ainda não prestaram quaisquer declarações sobre dezenas de mortes de prisioneiros palestinianos. O mesmo aconteceu com este caso.

De acordo com dados divulgados no início deste mês pelas estruturas de Saúde palestinianas,  496 médicos e pessoal de enfermagem e socorristas foram mortos desde o início da guerra, mais 1.500 feridos e 309 detidos pelos militares.

Cerca de 30 detidos civis palestinianos morreram em centros de detenção israelitas nos últimos 8 meses.

As Nações Unidas e a Cruz Vermelha devem estar a tomar nota destes casos para posteriormente serem levados a um tribunal internacional penal. Entretanto, o genocídio dos palestinianos prossegue.

Vala comum encontrada no Hospital Al-Shifa
Vala comum em khan Younis

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