Lemos nas redes sociais que, no Rio Grande do Sul, a imensa região que está submersa, o atual governador do Estado está há seis anos no posto e alterou 480 itens do código ambiental para privilegiar o agronegócio, a especulação imobiliária e a instalação de indústrias.
É verdade que a população cresce e é necessário encontrar quem queira investir em novos negócios que criem postos de trabalho. Nem todos os brasileiros podem imigrar, claro. E também é verdade que temporais impiedosos acontecem volta e meia e nem sempre poderemos atribuir essas ocorrências exclusivamente à ação humana.
Mas os cientistas têm andado a avisar que o aquecimento global está a provocar desiquilibrios na natureza e que vão acontecer catástrofes ambientais cada vez mais violentas e mais frequentes. Todos sabemos que quando a água do mar aquece, os temporais arrasam com tudo em terra. E estamos a aprender que o “efeito borboleta” existe mesmo.
O EFEITO BORBOLETA
A teoria do efeito borboleta é da autoria do matemático e meteorologista Edward Lorenz. Em 1961, ele descobriu que pequenas variações nos dados de entrada de um modelo meteorológico podiam levar a grandes mudanças nos resultados finais. Lorenz explicou isto com a seguinte frase: “O bater de asas de uma borboleta no Brasil pode desencadear um tornado no Texas”. Ou seja, um glaciar que derrete na Finlândia pode provocar uma inundação catastrófica no sul do Brasil.
Para evitar que os desiquilíbros na natureza se agravem, seria necessário mudar radicalmente a atividade económica mundial. Ou seja, passar a investir na proteção ambiental e na prevenção de catástrofes, em vez de ignorar o perigo e continuar no mesmo paradigma de desenvolvimento que, afinal, acaba por ter um preço demasiado elevado.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, nos últimos 70 anos aconteceram três cheias graves, destruidoras. Pois, todos os esforços foram sempre dirigidos para a reconstrução de tudo como estava dantes, nunca se pensou que seria necessário mudar alguma coisa. Quanto mais não fosse, não reconstruir as casas tão perto das margens dos rios. Ou adaptar as cidades com estruturas que permitam escoar as águas pluviais, em vez de edifícios que barram o caminho das águas.
As alterações climáticas nunca foram levadas a sério, nem pelos políticos nem pela população. Não é um problema brasileiro, é um problema de todo o mundo. É um problema sem fronteiras. Para evitar que o glaciar que se derrete na Finlândia provoque inundações no sul do Brasil, ou no Dubai (onde nunca chove…) seria preciso que as pessoas reconhecessem o problema e os políticos refletissem essa preocupação nas decisões que tomam. Ora, isso é uma impossibilidade.