São já muitos os jornalistas que compilam textos publicados e notas de reportagem em forma de livro. Muitos sem o mínimo interesse, diga-se em abono da verdade. O livro do repórter freelancer Bruno Amaral de Carvalho é mais um, mas com uma mais-valia, a de nos dar o lado proibido.
Desde a invasão russa da Ucrânia, o lado ocidental da Europa, filiado na NATO e obediente aos EUA, proibiu informação proveniente da Rússia. Os canais de televisão russos no cabo foram fechados por decreto, os sites ficaram inacessíveis.
Na cobertura da guerra, só há repórteres no lado ucraniano. Dão voz à versão da Ucrânia. Da guerra mostram aquilo que são autorizados. No lado russo, nada. Intermitentemente, temos algum vislumbre do que se passa no outro lado da guerra, principalmente se é algum acontecimento que pode beneficiar a propaganda de Kiev, como foram os casos dos atentados contra a vida da jornalista Daria Dugina, da bomba num café, em São Petersburgo, que matou Vladen Tatarsky, um conhecido blogger militar russo, ou do centro cultural Crocus de Moscovo. Exemplos de atos terroristas que são olhados com benevolência do lado de cá do “muro”, até porque podem ter sido orquestrados à mesa entre aliados.
Bruno Amaral de Carvalho foi, até agora, o único jornalista português a trabalhar no Donbass. Numa primeira fase, a CNN Portugal publicou algumas das reportagens que ele fez, mas o trabalho de Bruno é essencialmente publicado em jornais e televisões de Espanha.
As opções editoriais dos meios portugueses dizem alguma coisa sobre a crise de leitores, a fuga de audiências para as redes sociais, que é onde, por exemplo, os vídeos deste jornalista são publicados.
O livro já está disponível nas livrarias, dia 9 de abril será apresentado em Lisboa.
Para alguns, escrever sobre a guerra no Donbass é bom, se for com tintas azul e amarela. Outras cores já é propaganda. Quem o diz é o propagandista mor da causa ucraniana em Portugal.
Ainda vamos ter uma manifestação à porta da Buchholz, querem ver?