“Quem dá o pão, dá a criação”

A minha mãe, que era analfabeta, acrescentava sempre: e a educação, meu filho

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Hoje em dia, fala-se muito sobre educação. Compete à família? À escola? “O principal objectivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que as outras gerações fizeram” (Jean Piaget).

Actualmete, os media atentos à sociedade, estão à espera duma notícia numa escola pública… uma agressão a um professor… a um funcionário… um castigo físico… uma suspensão… e se for num colégio ou numa universidade, até um helicóptero se aluga.

Após o 25 de Abril, no colégio onde trabalhei, como docente e psicólogo, durante aproximadamente 40 anos, uma turma do 5.º ano, hoje 9º ano, não deixava um professor dar a sua aula, com interrupções sem sentido, conversa com os colegas, não ligando absolutamente nada ao que o docente dizia, este abandonou a sala de aula. Após a última aula do dia, apareceu o director pedagógico, que previamente tinha reunido o conselho de turma, foi à sala calmo e serenamente entregando a cada aluno uma missiva que apenas dizia: “Toda a turma suspensa durante três dias”. Este episódio aconteceu a seguir ao 25 de Abril que este ano se comemoram os 50 anos. Na ocasião os professores da turma ficámos preocupados com a reação dos encarregados de educação. Os alunos regressaram. Absolutamente oposição nenhuma. Na altura apenas existia a RTP, se fosse hoje os diversos canais de TV já teriam assunto para comentar…

Entre os alunos comentava-se: “fiquei sem semanada… já não vou ao jogo de futebol “.

Sucedeu que dias depois deste acontecimento, um encarregado de educação foi ao colégio perguntar ao director de turma, que ocasionalmente estava de saída da turma, como ia o seu filho nos estudos. O professor apenas lhe disse que já sabia que a turma tinha sido suspensa três dias, pelo mau comportamento. Tudo sucedia a este jovem que ia a passar no corredor para o recreio, quando o pai o ia esbofetear, felizmente dois professores interpuseram-se e tudo se acalmou. Hoje, este então jovem, agora docente numa escola pública.

São muitas as mensagens que recebo destes antigos alunos e pais, pois tive a sorte de lecionar três gerações: pais, filhos e na Universidade Sénior os avós. A educação foi-me possível vivenciá-la nesta corrente humana.

Sou a mãe daquele indeciso e terrível aluno que o doutor tanto ajudou. O meu muito obrigado e tudo de bom para si”.

Eis o testemunho dum antigo aluno: “Durante os anos em que frequentei o Colégio, senti a escola não apenas como uma instituição de passagem obrigatória, mas antes um espaço que sempre me proporcionou o convívio com os outros. Foi a minha primeira experiência de vivência em grupo, que lutava por um fim comum.

Posteriormente a minha ida para uma escola do ensino oficial, veio a dar-me a conhecer uma “escola” completamente diferente, em que o espírito de grupo não existia. Em suma, uma “classe” e não uma turma, “muitas classes numa escola”.

Ensina-se educando e educa-se ensinando.

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