São conhecidos ao longo destes quase 50 anos de democracia uma sucessão de casos e casinhos de corrupção, peculato, fraudes, evasão fiscal e tráfico de influências, envolvendo dirigentes políticos e ex governantes, afectos aos dois partidos. Onde se misturam fortes ligações familiares a estes.
Apesar das ações do Ministério Público e da PJ, nem sempre as mais eficazes, diga-se em abono da verdade, uma boa parte destes casos acaba por ir a tribunal, mas prescrevem no tempo e demora processual. A maioria dos arguidos acaba por sair incólume dos pretensos crimes, seja por falta de provas, seja por contradições entre as testemunhas e erros jurídicos. Quando condenados, são-no quase sempre com penas suspensas. Temos ainda alguns, castigados tarde e a más horas, que pela avançada idade ou doença degenerativa, acabam por ficar enclausurados em casa à espera que a morte os leve deste mundo. Foi o caso de Oliveira e Costa, e será provavelmente o caso de Ricardo Salgado, a ser condenado.
O produto do crime, lesando Estado, ou os cidadãos em particular, nunca foi ou será recuperado. Para uma certa elite o crime compensa. Os grandes escritórios de advocacia encarregam-se de os livrar de males maiores.
Existe uma natureza inter classista nos dois grandes partidos portugueses. Se bem que o PSD tem vindo a deixar para o PS uma boa parte da classe média que representava, a mais alta, fruto das suas posições cada vez mais neo liberais e do seu engajamento quase exclusivo com as confederações patronais, em detrimento das sócio profissionais. Por outro lado há uma classe média cada vez mais depauperada, que umas vezes se refugia no PS, convencidos que resgatam parte do pecúlio subtraído pelas decisões dos anteriores governantes, noutras derivam para o BE e para o Livre, por retaliação. À direita emerge o populismo de André Ventura como o grande aglutinador do descontentamento popular mais exacerbado e ignorante, além de alguns frustrados desta vida, que não são poucos. A Iniciativa Liberal é um partido que terá uma vida curta.
Há dias li uma transcrição sobre as escutas telefónicas do caso Vortex. Este processo judicial envolve uma empresa de Construção Civil, na pessoa do seu administrador, Francisco Pessegueiro, e dois autarcas de Espinho. Um do PS e outro do PSD. O actual titular do cargo em exercício, entretanto detido pela PJ, era o socialista Miguel Reis.
Diz-se a certa altura nas escutas telefónicas, acompanhadas de filmagens num café da cidade de Espinho, onde terá sido entregue um envelope com dinheiro vivo, que:
“Pessegueiro terá mesmo referido que se sentiu mais confortável com o socialista do que com o anterior presidente da autarquia, o social-democrata Pinto Moreira, justificando que Miguel Reis sentia “mais necessidade de dinheiro”, de acordo com fontes da investigação“
Se eu bem entendo, o socialista na câmara há apenas oito meses, tinha um apetite maior por dinheiro fácil e indevido, que o seu antecessor, social democrata.
É aqui que reside um dos grandes problemas do PS. Os socialistas ao contrário do PSD não são um partido com fortes ligações familiares aos detentores dos grandes grupos económicos, que dominam o aparelho produtivo nacional. Não se conhecem dentro dos vários quadros superiores do partido, relações parentais às maiores empresas nacionais. Quando saem do governo, não se vê ex dirigentes socialistas a integrar as administrações de grupos privados do PSI 20. Há excepções, claro, mas por isso mesmo fogem à regra. As empresas onde aparecem relações entre socialistas e o tecido económico são todas de pequena e média dimensão, ligadas às actividades das regiões onde estão inseridas. Já no PSD proliferam as famílias mais abastadas do país, acionistas ou proprietários dos grandes grupos. “O povo do Restelo, da quinta da Marinha e da quinta do Lago” está quase todo metido no PSD.
Que os sociais democratas tenham propensão para certas negociatas, nomeadamente a privatização de tudo o que pode dar lucro, mesmo na área da saúde, no abastecimento de água, na electricidade, combustíveis, aeroportos e transportes ferroviários, não me choca, apesar de eu discordar em absoluto com a privatização desses sectores, pelo menos a totalidade do capital. É a natureza deles. Vivem o capitalismo como expressão máxima da sua apetência pelo poder.
Já o PS deixa-me com aquela sensação de alguém estar a trair os mais elementares direitos da social democracia, que juraram defender. Uma espécie de socialismo humanista, que não enjeita o capitalismo, apenas o controla, em especial os seus devaneios ultra liberais, e pugna pela igualdade entre os cidadãos, não de forma utópica, mas através da mobilidade social ascendente e descendente. Toda a gente por esforço próprio tem o direito a chegar aos patamares mais elevados da sociedade. Tanto no plano económico, como no político. Por isso um Estado Social forte, capaz de cumprir essa função. Daí gastar-se o dinheiro de todos com parcimónia, mas acima de tudo preservando a boa gestão do bem público.
Aquilo a que temos assistido nas últimas três décadas, o caso Sócrates, o de Caminha e este mais recente, de Espinho, são péssimos exemplos. Têm sido deveras degradante para um partido com o passado histórico do PS. E pior, parece não terem aprendido nada com as asneiras anteriores. Fico com a sensação que os socialistas não passam de uns “tesos a tentarem entrar numa festa de ricos”. Ou seja, imitar o PSD da pior forma. Raros são os casos de corrupção onde não estejam metidos dirigentes socialistas. E conspurcam-se por fraca maquia, ao contrário dos dirigentes do PSD, que se abocanham com grandes negócios de renda fixa.
Será este o ADN do PS?

Que lindos meninos!… entendem-se todos muito bem, ´pois aprenderam todos nos mesmos livros e cobrem-se com a capa da Democracia. Sem dúvida nenhuma que o ADN do ps é este!. Desde que Mário Soares meteu o socialismo na gaveta a pratica tem sido esta. O ps, apesar de, até determinada altura ter no seio alguns elementos de esquerda; António Arnaut, Salgado Zenha e pouco mais, que remavam contra a maré e que tiveram de se render ao neoliberalismo e à ganância daqueles que diziam e dizem ser socialistas, mas as políticas seguidas, não passam de neoliberais indo mais além do psd!. É só corrupção e compadrio, distribuindo chupetas pelo país sacrificando os desgraçados dos trabalhadores que nem para comer ganham!. Mas tudo isto acontece porque a justiça é o que é, não funciona e quando funciona é sempre ao contrário, pende sempre para o lado de quem tem a carteira mais grossa quando deveria ser o contrário! Não é por acaso que os grandes casos prescrevem ou apanham penas suspensas. Infelizmente o povo português não é capaz de distinguir o bem do mal e o verdadeiro do falso, veem a política e os partidos políticos como se fosse o seu clube de futebol, mesmo que falte dinheiro para por o pão na mesa.
Actualmente a escravatura não existe só em Odemira mas pelo país todo! As empresas de obras públicas têm pessoas a dormir nos estaleiros sem o mínimo de condições de higiene e outros a dormirem em casas; T1 com 11 pessoas em camaratas. Os jornalistas de investigação deveriam percorrer o país de Norte ao Sul e iriam encontrar muitos exemplos destes. Se a ACT funcionasse estas poucas vergonhas não aconteceriam, mas a ACT, ainda é contra as denuncias.