O “Newport-Ship” é, de facto, de cerca de 1400 e é uma craca da liga hanseática. Construíam-se estas, então, em todo o Báltico e também no estaleiro da Liga Hanseática, frente às portas de Lisboa. Estes estaleiros da 1ª Armada Portuguesa foram adquiridos, tanto os estaleiros, como as embarcações, como os seus mestres e carpinteiros, por Sua Majestade el-rei Dom Dinis, no ano de 1292, a Michael Overstätt, representante em Portugal da Liga Hanseática.
Foi a nossa Rainha Santa Isabel, que dirigiu as respectivas negociações. Oriunda do Reino de Aragão, já ali vivia com a sua mãe na corte de Aragão como, depois do casamento, em Trancoso e também na Corte de Lisboa. Tinha apenas 12 anos, mas ambas falavam correctamente o alemão, porque a mãe da nossa Rainha Santa era filha de uma princesa alemã do Reino da Sicília, descendente do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, que se estendia, na altura, desde a Dinamarca até à Sicília.

Foi assim que nasceram as nossas naus, que são, nada mais nada menos, do que a ampliação da craca hanseática do Mar do Norte e do Báltico, cracas que vinham a Lisboa, a Aveiro e ao Sado, para aqui levantarem o sal marinho, muito necessário para o negócio do arenque, uma espécie de sardinha do Mar do Norte e do Mar Báltico. O arenque vendia-se salgado, em barricas e foi a alimentação principal por todo o Norte da Europa e da Europa Central.
Antigamente, o sal saía de Salzburg e de Lüneburg. Havia, porém, intermediários que punham correntes, presas a barricas, a atravessar o Rio Reno, a fim de cobrarem a passagem do sal. Muito gananciosos, cada vez aumentavam mais as taxas, a ponto de a venda de peixe já não ser possível e a população morria de fome, por falta de dinheiro para pagar o sal, exageradamente taxado. Foi então que a Liga Hanseática, através da sua representação em Lisboa, começou a comprar o sal marinho de Portugal e com este grande salto estabeleceu-se uma ligação mercantil que salvou parte da população da Europa Central.
É por esta razão que as naus portuguesas são completamente diferentes das outras embarcações que então por aqui navegavam. Eram filhas das cracas dos Mares do Norte. Em número de tonelagem de transporte, a nau portuguesa era três vezes maior que a craca hanseática.
Vale a pena ver as imagens da grande craca recentemente descoberta em Newport, em: https://www.bbc.com/news/uk-wales-64151535 (vídeo da BBC, apenas em língua inglesa).

Esta crónica, tão bem fundamentado, merece uma referência e uma chamada de atenção para a matéria que aqui aborda: as precursoras das naus portuguesas, as cracas hanseáticas.
Devia ser lido pelo triplo das pessoas indicadas.
Luso-alemão, investigador e coleccionador de armas (foi nessa área que o consultei em Cascais, há anos, para que me esclarecesse como seria a espada de Afonso Henriques, percebi que Rainer Daehnhardt era, é, um homem brilhante, que merece toda a credibilidade sobre aquilo que diz.
Que pena não ter conversado com ele sobre o livro que escreveria depois, em que eram protagonistas os reis Isabel de Aragão e Diniz de Portugal, este muito activo a recolher os templários sobreviventes e o conhecimento que traziam consigo.
De Michael Overstätt não sabia…Grata pelo que aprendi com este texto.
…tão bem fundamentada….- 1ª. linha)
…de Afonso Henriques) -7ª. linha).