TERRAS ALENTEJANAS NUM LIVRO DO SÉCULO XVI !

1
1318

São bem conhecidos e amiúde referidos os preciosos desenhos que Duarte Darmas nos deixou. Natural de Lisboa, onde nasceu em 1465, chegou a escrivão da Livraria Régia e da Torre do Tombo e el-rei D. Manuel I, dado o seu enorme jeito para o desenho, houve por bem encarregá-lo de levantar o estado das fortificações da fronteira.

O seu Livro das Fortalezas constitui, sem dúvida, em plantas e panorâmicas, um manancial a que estamos habituados a recorrer quando se deseja comparar com a actualidade o que havia no século XVI.

Boa ideia foi, pois, a de Santiago Macias, actual director do Panteão Nacional, de – inclusive com a sua larga experiência das terras alentejanas de fronteira – se abalançar a comparar a actualidade, também colhida por drones, com as informações passíveis de serem colhidas nos desenhos e nas explicações com que Duarte Darmas os fez acompanhar, acerca das povoações fronteiriças dos distritos alentejanos (Portalegre, Évora e Beja). Ao todo, 20 terras, por ordem alfabética, desde o Alandroal a Terena.

O título Do Cálamo ao Drone resulta, por isso, deveras significativo, a que se junta, na publicação, o enorme cuidado tido em tudo apresentar de forma clara, o que proporciona uma leitura bem agradável e um eloquente repositório de imagens que dá gosto apreciar.

Esta edição, cartonada, da responsabilidade de Multiculti, Culturas do Mediterrâneo, está datada de 2021, tem 140 páginas. Santiago Macias teve, no texto, a colaboração de Fernando Branco Correia.

1 COMENTÁRIO

  1. Começo por saudar este texto com um cumprimento especial ao seu autor e aos autores do livro em referência.
    Não sei de quem foi a ideia do título, mas DO CÁLAMO AO DRONE é dos mais bonitos que tenho encontrado nos últimos tempos, em diversas áreas e discursos.
    Como vemos pela leitura, o livro é uma conjugação de esforços de conhecimentos do século XVI, com áreas afins do século XXI devidamente apuradas pelas ciência e tecnologia.
    Primeiro o LIVRO DAS FORTALEZAS de Duarte D´Armas forneceu o material, ou inspirou a área, de que DO CÁLAMO AO DRONE se nutre. Este escudeiro da casa real era bacharel em leis, mas tinha um talento especial: saber desenhar. E talvez também não lhe faltasse arte para se insinuar perante os mais altos representantes do reino. D. Manuel I pedia-lhe que fizesse um levantamento das fortificações fronteiriças de Norte a Sul, mas os esboços resultaram num trabalho cartograficamente perfeito.
    Depois os saberes associados de Santiago Macias, autor de O LEGADO ISLÂMICO EM PORTUGAL, ex-investigador da Universidade de Coimbra, parte da Direcção do Campo Arqueológico de Mértola, ou um bom conhecedor do Alentejo, hoje director do Panteão Nacional.
    Finalmente a preciosa colaboração de Fernando Branco Correia, Professor Auxiliar da Universidade de Évora e defensor de uma tese sobre Fortificações e Guerra no Ocidente do Al-Andalus.
    Que mais se podia esperar senão excelência, de um trabalho que, com estes contributos, dá a conhecer melhor as terras alentejanas?
    É isto que nos sugere José d´Encarnação, num belo texto em que muito aprendi e em que tive que rever matéria, como de costume… Muito grata.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui