O que mais surpreende nas ações dos ativistas climáticos é a fraca adesão da população à causa. A marcha que em Lisboa não congregou mais do que alguns milhares de pessoas e as ocupações da Faculdade de Letras, do Liceu Camões e da Ordem dos Contabilistas foram atos de meia dúzia de heróis.
Milhares de estudantes universitários tiveram a oportunidade de se juntar aos okupas de Letras, deixaram-nos sozinhos. O mesmo aconteceu na ocupação seguinte. Claro que ninguém é obrigado a manifestar-se em protesto ou a favor seja do que for. Mas uma geração que no final da adolescência ou início da idade adulta não sente vontade de mudar o mundo, exibe sintomas preocupantes de apatia.
É evidente que as ocupações são atos simbólicos, só muito excecionalmente chegariam a um ponto capaz de bloquear efetivamente a atividade dos locais ocupados. O que os ativistas querem é chamar a atenção, querem ser notícia, sabem que se conseguirem sê-lo, outros irão alinhar com eles. Mas o Estado também sabe isso e trata de desocupar os locais rapidamente e o pretexto da ilegalidade é mais do que suficiente para chamar polícias e mandá-los varrer a sala.

Tudo isto corre em paralelo com a COP27, o fórum em que ninguém acredita. Lá, entre canapés e sunsets dourados, a política discute minudências e falsos problemas, baralha prioridades e, a seu tempo, vai parir mais um nado-morto.
