As relações promíscuas entre agentes da política e empresas de comunicação social revelam-se, normalmente, nas figuras de topo que por lá andam.
Ninguém chega a diretor de Informação de um canal de televisão, sem ter uma boa rede de padrinhos políticos e amigos pessoais. São eles, os padrinhos e amigos, quem garantem ao patrão ou ao presidente do Conselho de Administração, a fiabilidade do putativo diretor. Ou então é um assumido capacho do patrão.
No badalado caso de Sérgio Figueiredo, essa relação de proximidade e confiança política é bastante evidente. Enquanto diretor da TVI Sérgio contratou Medina para comentador do canal. Quando ministro, Medina contrata Sérgio como assessor. E já foi publicado que houve outros contratos celebrados entre o então presidente da CML e o antigo diretor da TVI.
Mas os alarmes de compadrio já existiam antes. Basta lembrar, como exemplo, o caso de Ana Leal. A jornalista fazia um programa de investigação jornalística, havia uma reportagem pronta para exibir sobre falhas graves na resposta do Serviço Nacional de Saúde à Covid-19. A exibição da reportagem foi cancelada, a equipa de trabalho do programa de Ana leal foi dissolvida. O conflito estalou e Ana Leal acabou por sair do canal. Trabalha hoje na CMTV. Perdeu visibilidade.
Para um mero observador, parece evidente que Sérgio Figueiredo tem afinidades com o PS, o Governo e com a CML enquanto lá esteve o atual ministro das Finanças. Esta sensação só se desvaneceria se Sérgio prestasse o mesmo tipo de serviços a outros partidos políticos. Pode ser que venha a acontecer, até porque Sérgio (enquando diretor de Informação da TVI) terá contratado comentadores de outros quadrantes políticos. Esperemos.