No Sri Lnka há uma revolta que pode transformar-se em revolução. Centenas de milhar de pessoas invadiram a capital, o palácio presidencial, a residência do primeiro-ministro, ocuparam as ruas onde enfrentam o exército e a polícia.
Transcrição do texto do vídeo:
Podemos olhar mil vezes para estas imagens e continuar espantados. Há quem as considere assustadoras e há quem as considere formidáveis. São diferentes olhares para a mesma questão: o poder popular.
Ninguém para uma manifestação com cem mil pessoas. É como a água que vem de uma barragem que colapsou. É uma força imparável. Uma força que destrói para regenerar, para criar alguma coisa nova.
É isso que se espera que venha a ser possível no Sri Lanka, um dos países mais pobres do mundo, onde a elite vive faustosamente.
Um país de pedintes, de escravos, de vendedores ambulantes de tudo quanto existe pelas ruas das cidades. Podíamos dizer que é um país de pequenos empresários, uma espécie de paraíso do liberalismo económico.
Fartos da fome mas com esperança de conseguirem mudar alguma coisa, juntaram-se e avançaram. O exército e a polícia foram chamados pelos governantes assustados, para repor a ordem institucional. O gás lacrimogéneo, os cassetetes, não foram suficientes e a multidão era demasiado grande para se conseguir matar tanta gente.
O palácio foi invadido e o presidente fugiu. O povo sentou-se, por uma vez, nos cadeirões fofos do poder. Lavou-se na piscina presidencial. Só por isso já terá valido a pena.
Depois avançaram sobre a residência do primeiro-ministro e purificaram-na pelo fogo. Ardeu tudo, até aos alicerces.
A tomada da liberdade começa por ser um rasgão, como um nascimento. Depois há que saber o que fazer com o que acabou de nascer. Esperemos que o povo do Sri Lanka consiga encontrar esse caminho.