E A GUERRA AQUI TÃO PERTO…

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Há muitos anos, quando um tal de Marco deu um pontapé a uma tal de Sónia, no primeiro Big Brother, na redacção onde eu trabalhava pediram um texto sobre o pontapé. Ao contrário, fizemos um texto sobre a violência doméstica, já que o programa, ainda que fosse o primeiro, não era motivo para uma notícia.

Agora temos os noticiários invadidos porque um tal de um famoso agrediu a sua namorada. A morte de uma mulher vítima de violência doméstica dura dois ou três dias nas notícias, até à próxima vítima. Esta agressão dura e dura, pese embora o facto de todas as instituições terem funcionado, desde o Ministério Público ao Apoio à Vítima.

Os inaceitáveis acontecimentos no jogo entre o Futebol Club do Porto e o Sporting Club de Portugal tiveram palco e palco. Fizeram-se mesas redondas e debates sobre a violência no futebol. Até ao próximo péssimo exemplo…

Em contrapartida, a Ucrânia está à beira de uma guerra, que será nossa, também por envolver a União Europeia, e só muito recentemente teve direito a aberturas de telejornais. E há muito tempo que tudo isto é previsível, ainda que só tenham surgido preocupações quando a Rússia iniciou manobras militares na fronteira com a Ucrânia.

Às vezes parece-me incompreensível a forma como se definem as prioridades de quem ‘rege’ esta Comunicação Social.

Fico a olhar para o último livro que li, pousado na minha estante. Chama-se Nunca e o seu autor é Ken Follett.

Um estudo recente, sobre as Práticas Culturais dos Portugueses 2020, desenvolvido pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, afirma que, em 2020, 61 por cento dos portugueses não leu um único livro, isto também muito motivado por ‘significativas desigualdades sociais no acesso à cultura’, pelos baixos níveis de escolaridade e os escassos recursos económicos.

Dir-me-ão que estou a misturar ideias. Não estou: leiam o Nunca. Façam um esforço e vão entender como o mundo pode estar à beira de uma guerra, sem que ninguém perceba que um louco, numa qualquer parte do mundo, pode carregar num botão e desencadear a guerra nuclear, ou o cinismo da diplomacia e a espionagem. Está lá tudo, desde o supérfluo ao essencial.

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