Paris começa este fim-de-semana a experimentar a sensação de se conduzir a 30 km por hora na maioria das artérias da cidade. Segundo dizem as agências noticiosas, apenas em algumas ruas principais da capital parisiense vai ser possível conduzir até ao máximo de 50 quilómetros por hora. O limite de 70 km/h vai manter-se para as estradas da faixa periférica.
Na edição de hoje, o jornal francês Le Parisien divulga o resultado de uma sondagem realizada este mês e onde se conclui que 61% dos parisienses estão a favor da limitação a 30 km/h e que 71% dos inquiridos acreditam que a medida aumentará a segurança, principalmente dos “mais vulneráveis, como as crianças, cidadãos mais velhos e ciclistas”.
A maioria também acredita que a medida pode ajudar a combater as alterações climáticas e diminuir a poluição sonora. O artigo do Le Parisien está disponível para assinantes ou para quem queira pagar 1€ pela leitura, neste link.
Os parisienses parecem estar maioritariamente de acordo com a medida. Talvez porque a grande maioria dos residentes na capital francesa não sejam cidadãos automobilizados. Nitidamente, eles preferem a bicicleta, patins, transportes públicos para as deslocações que fazem dentro da cidade.
A aplicação desta medida vai ter consequências imediatas, entre as quais, 60 ruas passarem a ser em exclusivo para peões e a transformação de alguns parques de estacionamento em zonas de lazer público.
E em Portugal…
Em Portugal, o ministro da Administração Interna considera “absolutamente inaceitável” o elevado número de atropelamentos, sobretudo nas zonas urbanas, e também admitiu impor limites de velocidade de 30km/h em alguns bairros de Lisboa. Ideia revelada em 2018, mas sem consequências práticas até hoje. O limite de velocidade para ligeiros dentro das localidades continua a ser de 50 km/hora.
O relatório de 2021 da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) diz que “relativamente a sinistralidade rodoviária, no primeiro semestre de 2021 registaram-se 11.815 acidentes com vítimas no Continente, de que resultaram 140 vítimas mortais, 837 feridos graves e 13.568 feridos leves.”
Segundo este relatório, 17% das vítimas foram peões, 65,8% dos acidentes ocorreram em meio urbano e que a colisão foi a causa mais frequente (52,9% dos acidentes). Dados que tendem a dar razão aos que querem colocar travão à velocidade dos veículos nas ruas das cidades.