É uma vergonha para qualquer país decente, a imagem de Portugal está a degradar-se à medida que se espalham as notícias sobre atos racistas da extrema-direita. O jornal britânico The Guardian dedica esta segunda-feira um artigo ao tema do aumento da violência racial em Portugal. No artigo são recordados vários episódios que levaram a Rede Europeia contra o Racismo – ENAR – a apelar, no início deste mês, a uma “resposta institucional urgente”.
O artigo começa com a referência à carta com ameaças à integridade física e à vida enviada a Mamadu Ba, onde se lê “o nosso objetivo é matar os estrangeiros e antifascistas e tu estás entre os nossos alvos”.
Ameaças que se estendem igualmente à família do ativista da organização SOS Racismo.
O artigo lembra os casos de Bruno Candé, morto à queima roupa e a sangue frio numa rua de Moscavide em pleno dia, o caso do futebolista Marega que se recusou a continuar em campo depois de ser alvo de insultos racistas, o caso de Cláudia Simões espancada por um polícia porque a filha viajou num transporte público sem o passe social gratuito e podia, ainda, ter mencionado o caso de Luís Giovanni linchado na via pública em Vila Real, mas este caso não foi mencionado.
O artigo cita declarações de ativistas, segundo as quais “tem havido um aumento muito preocupante de ataques racistas de extrema-direita em Portugal, confirmando que as mensagens de ódio estão a alimentar táticas mais agressivas que visam os defensores dos direitos humanos de minorias raciais”.
Para a Rede Europeia contra o Racismo, o aumento de episódios racistas começou a ser notório desde as últimas eleições legislativas, em outubro do ano passado, quando André Ventura, líder do Chega, conquistou um lugar no Parlamento. O caso mais recente que o artigo refere é o insulto proferido por Ventura quando alcunhou a candidata às eleições presidenciais, Ana Gomes, de ser “a candidata dos ciganos”.
O The Guardian recorda que André Ventura, conhecido por ter ligações com outros grupos extremistas de extrema-direita, nomeou ex-membros de grupos neonazi para posições de liderança no partido e desculpou-se, mais tarde, dizendo não ter conhecimento do passado político desses militantes, o que não é verdade, como se sabe.
O artigo inclui, ainda, declarações de Joacine Katar Moreira sobre a “normalização do discurso de ódio racista”. No texto há também uma referência ao crescente número de denúncias de discriminação em Portugal, embora quase nenhuma tenha resultado em condenação. Entre 2014 e 2018, o número de condenações por crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência é inferior a três, pode ser lido no artigo.