Recentemente, o primeiro-ministro Xanana Gusmão deu bofetadas num assessor, em público, durante uma reunião a que assistiram vários cidadãos, incluindo crianças.
A cena está neste vídeo que corre nas redes sociais de língua tétum.
“Levanta-te!”, ordena o primeiro-ministro. A ordem foi dirigida ao assessor do presidente da Região Administrativa Especial de Oé-Cusse-Ambeno, Agostinho Caet. O assessor obedeceu.
Seguiram-se palavras duras: “Olhem para ele! Se calhar é inteligente. Mas é um grande preguiçoso!”, disse o primeiro-ministro, antes de desferir várias estaladas na cabeça do assessor. O assessor não reagiu, manteve-se de pé com a cabeça baixa.
Estamos a falar de um primeiro-ministro eleito, de um regime democrático, Timor-Leste não é uma ditadura islâmica, embora aqui se assemelhe. Xanana Gusmão age como se fosse uma espécie de pai tirano. Depois de vários episódios tristes de abusos sexuais, surge agora nova polémica com estas agressões físicas em público a subordinados.
Isto é o que se vê no vídeo, mas o jornal online em língua portuguesa DiliGente afirma que Xanana bateu em mais pessoas, membros do Governo e num deputado da bancada do CNRT (o partido de Xanana).

Para as crianças que assistiram aos castigos, Xanana terá dito “aprendam com isto”, fazendo da agressão um ato pedagógico. Aparentemente, Xanana confunde autoridade com autoritarismo, num exercício paternalista do poder, sem respeito pelos outros. Está ali como se fosse o dono, o patrão que maltrata quem o serve.
Já se avançam justificativas antropológicas para estas agressões que, de resto, segundo o DiliGente, “Quem acompanha o primeiro-ministro sabe que esse tipo de atitude já é habitual”, citando o agredido que se vê no vídeo.
A verdade é que o agredido não apresentou queixa, no parlamento não se ouviram protestos veementes e os órgãos de justiça não vão reagir.