Três mil operários desempregados é o rasto que a Audi deixa na Bélgica, depois de fechar a fábrica de Bruxelas. Há outros mil desempregados em empresas que prestavam serviços a esta fábrica. O encerramento deve-se à quebra nas vendas e aos aumentos dos custos de produção, uma conjugação fatal para qualquer indústria.
As vendas quebraram porque a marca não conseguiu adaptar-se às alterações em curso no mercado de automóveis elétricos. Com as marcas chinesas a entregar no mercado europeu topos de gama abaixo dos 40 mil euros e alguma concorrência europeia a oferecer utilitários a menos de 25 mil euros, a Audi manteve-se muito focada no mercado premium. Nesta fábrica a Audi produzia o Q8 e-tron, um modelo caro, acessível apenas a uma minoria de endinheirados.

O aumento dos custos de produção tem pouco a ver com salários e mais a ver com matérias primas e energia. A guerra na Ucrânia fez aumentar esses custos, principalmente por causa das sanções impostas à Rússia, origem do gás e petróleo baratos que impulsionaram durante décadas o desenvolvimento industrial europeu.
Foram demasiadas contrariedades e os gestores cortaram onde é mais fácil. Fecharam a fábrica que era um dos principais empregadores da região de Bruxelas. A Audi pertence ao grupo Volkswagen, a maior construtora automóvel da Europa.
A crise continua a evoluir e Ursula von der Leyen prometeu apresentar daqui a alguns dias um um plano de ação para ajudar a indústria automóvel a atravessar o deserto que tem pela frente. Pelo que se sabe, esse plano poderá contemplar a proposta de uma partilha de recursos entre diferentes marcas e irá eliminar alguns regulamentos que obrigam a grandes investimentos da indústria, mas poucos acreditam que seja suficiente para solucionar o problema. Enquanto a guerra continuar e a indústria não tiver de novo acesso a matérias primas e fontes energéticas baratas, não há solução para a crise.
Entretanto, a China já fez saber que talvez compre as instalações das fábricas que forem falindo na Europa…