UM COMBOIO DE LÍDERES

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Finalmente a Europa parece estar a bater o pé aos EUA. A visita de vários dirigentes da UE e de alguns estados membros a Kiev, no momento em que a Ucrânia sofre uma grande pressão para aceitar os dictames de Trump (aceitar a paz com a Rússia perdendo territórios e abdicar de boa parte das reservas de minério a favor dos EUA), parece indiciar uma tentativa de autonomia na política externa da UE.

vídeo com a chegada dos líderes europeus e Canadá a Kiev

O pior é que a questão da Ucrânia divide a “união”. Ao fim de três anos de sanções contra a Rússia, os malefícios são mais visíveis em quem as impõe do que a quem as sanções são dirigidas. Era suposto a Rússia estar de joelhos sem ter a quem vender petróleo, gás, urânio, ou mesmo produtos induistriais como alumínio ou aço, ou cereais ou automóveis. Mas não. A Rússia fintou-os a todos e a todas. O PIB russo cresceu, embora isso não signifique uma vida melhor para o povo. As novas sanções decididas pela União Europeia aumentam o leque de personalidades e empresas russas com quem não podemos falar ou negociar, mas são mais do mesmo. Já vimos isto antes e sabemos que os resultados práticos são medíocres para que a paz seja imposta.

Durante três anos os países europeus aceitaram tudo, até mesmo a destruição do pipeline submarino que levava gás para as indústrias alemãs. Aceitaram trocar o petróleo mais barato da Rússia pelo mais caro que vem dos “states”. Abdicaram de ter uma voz própria no “concerto” das nações. No que diz respeito à guerra, entoaram a lenga-lenda ditada pela CIA do apoio incondicional e eterno à Ucrânia. Agora que os americanos tiraram o pé, os líderes europeus tentam não ficar na fotografia como o parceiro “encornado”. É o que significa o comboio de dignitários que chegou a Kiev. Dos 27 da UE, meia dúzia viajou até Kiev.

fotografia de grupo para mais tarde recordar

Hoje, escutaram Zelensky alvitrar a criação de uma outra aliança militar, caso a Ucrânia seja impedida de entrar na NATO. Eternizar esta guerra não pode ser opção para os dirigentes europeus. Os eleitores europeus não aceitarão o risco de envolvimento numa guerra com um potencial de destruição tão elevado, como será um conflito aberto de uma aliança militar forte contra a Rússia. Os populistas de direita ou de esquerda saberão aproveitar uma oportunidade tão boa para atrair o voto dos povos.

Durante três anos rejeitaram todas as iniciativas para o início de conversas entre as partes. Erdogan da Turquia, Lula do Brasil, disponibilizaram-se para tentar. Foram ignorados. Agora que Trump decidiu falar com Putin, sem dar cavaco aos europeus, ficaram indignados e indignados foram até Kiev. Foram de comboio porque usar o avião talvez seja um risco demasiado grande, numa região onde mísseis e drones explosivos voam de lá para cá e de cá para lá a qualquer hora do dia ou da noite. Mas eles sabem que aquela linha de comboio continua transitável porque a Rússia ainda não a quis destruir.

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