O vice-presidente dos EUA foi à Alemanha confirmar como o governo de Trump pretende dividir a Ucrânia com a Rússia. Kiev prescinde de 20% do território (que já está ocupado pelo exército russo) e o resto fica à disposição das empresas mineiras e agro-industriais dos americanos.
O discurso do vice de Trump quase não mencionou a Ucrânia, como se o futuro do país já tivesse sido decidido entre Trump e Putin. Sabemos agora que os dois líderes já trocaram ideias sobre a questão, menosprezando as opiniões dos líderes europeus e do próprio Zelensky.

JD Vance disse que a ameaça à Europa que mais o preocupa não é a Rússia ou a China, mas o que chamou de recuo dos valores fundamentais de proteção da liberdade de expressão – bem como da imigração, que ele disse estar “fora de controle” na Europa. Dito por outras palavras, os EUA não querem censura à mensagem política da extrema-direita europeia.
A maioria dos atuais líderes europeus deve ter ficado em estado de choque. Ouviram da boca do americano uma espécie de despedimento sumário. Ficaram com a certeza de que os EUA irão apoiar todas as candidaturas de direita e extrema-direita em próximas eleições em países europeus, a começar já pela Alemanha que vai a votos dentro de dias.
De facto, após o discurso, Vance reuniu-se com Alice Weidel, líder do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), “um parceiro político elegível” conforme Vance disse no seu discurso, numa crítica clara aos partidos alemães que se recusam a aceitar a normalização da extrema-direita alemã.
A AfD é anti-imigração, está com cerca de 20% das intenções de voto antes das eleições gerais de 23 de fevereiro. O “homem mais rico do mundo”, Elon Musk, principal doador da campanha eleitoral de Trump em 2024 e agora membro dos eu governo, também já apoiou publicamente a AfD participando online num comício de campanha.
As democracias europeias estão em perigo. É um facto.