O número de pessoas sem abrigo nos EUA aumentou 18% em 2024. Se os números significam alguma coisa, estes deverão ser entendidos como sinais de um sistema economico injusto e de um sistema político que não cuida dos cidadãos mais pobres.
Segundo a agência Reuters, o aumento de pessoas sem abrigo deve-se a “fatores como o custo da habitação, inflação elevada, racismo sistémico, desastres naturais e aumento da imigração”, citando o Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos.
O problema dos sem abrigo tem vindo a agravar-se nos EUA, e já é banal vermos vídeos amadores ou mesmo relatos na imprensa sobre pessoas carenciadas a viver ao ar livre, com tendas montadas na via pública em muitas cidades norte-americanas.
Paradoxalmente, é entre os pobres que aumenta o consumo de estupefacientes e o alcoolismo. O desânimo parece levar à alienação como método de “cura”. Este tipo de problemas foi uma das “ferramentas” utilizadas pela campanha de Donald Trump para vencer as eleições presidenciais de 2024.
OS NÚMEROS
Neste momento, há pelo menos 771.480 pessoas – cerca de 23 em cada 10.000 pessoas nos EUA – que vivem ao relento ou em abrigos precários, de acordo com dados divulgados agora pela Reuters.
A multiplicação deste tipo de situações está a acelerar. Em anos anteriores, os números aumentaram em média 12%. Entre 2023 e 2024 o aumento foi de 18%.
No último ano, os menores de 18 anos foram a faixa etária que registou o maior aumento de sem-abrigo, marcando um aumento de 33%, com 150.000 crianças a viverem nessas condições.
Os negros, que representavam 12% do total da população dos EUA e 21% da população dos EUA vivendo na pobreza, representam agora 32% de todas as pessoas em situação de sem abrigo, mostram os dados agora divulgados.
“O agravamento da crise nacional de habitação acessível, o aumento da inflação, a estagnação dos salários entre as famílias de rendimentos médios e baixos e os efeitos persistentes do racismo sistémico levaram os sistemas de serviços aos sem-abrigo até aos seus limites”, dizem os responsáveis pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano.