Um bombista suicida brasileiro é coisa rara. O Brasil deve estar em choque, depois do atentado contra o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 13 em Brasília.
Parece que ninguém levou a sério os avisos publicados nas redes sociais por Francisco Wanderley Luiz (aka Tio França, nas redes sociais). Até que as bombas explodiram mesmo.
Eram bombas artesanais, montadas pelo próprio a partir de artefactos de pirotécnia. Horas antes de ter entrado em ação, Francisco Wanderley Luiz entrou como visitante no edifício do STF. Tirou umas selfies e publicou os avisos de que alguma coisa ia explodir.
Estamos a falar de um militante da extrema-direita brasileira, seguidor de Bolsonaro, admirador confesso de Trump. A própria família reconhece que se tratava de uma pessoa que cultivava ódio.
O atentado, na forma planeada, falhou. As bombas explodiram no exterior do edifício. O bombista decidiu, então, cometer o suícidio em frente à estátua da justiça, na praça dos Três Poderes. Embriagado pela ideologia bolsonarista, Francisco quis fazer do seu suicídio um ato político com consequências para o país: “Vamos brindar?? Não chores por mim! Sorria!! Entrego minha vida para que as crianças cresçam com liberdade.
Bolsonaro foi o primeiro a dizer que Francisco Wanderley era maluco. Esclareceu que era um lobo solitário, como quem se quer distanciar do acontecimento. Mas, no Brasil, há quem diga que o terrorista não era lobo solitário, mas um fanático forjado pelas paranóias produzidas pelos gabinetes do ódio e pelos discursos bélicos do ex-presidente contra a democracia, especialmente contra o Supremo.
O terrorista era um militante bolsonarista ativo nas redes sociais e foi candidato a vereador pelo Partido Liberal, partido que reúne fações da direita e extrema-direita brasileiras e que foi a base para a formação do governo de Jair Bolsonaro. Maluco? Talvez débil mental teleguiado pelas narrativas de violência social e racial de Bolsonaro e de outros políticos da mesma laia.
Nada que não possa acontecer também em Portugal, com agentes políticos que bem conhecemos e impunes nesse discurso de confronto. Um dia, um qualquer “Zé Manel” vai tentar algo semelhante por cá.