A FONTE DA SEREIA E A LENDA DE TONDELA

Uma lenda fundacional

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Tondela é, desde há alguns anos, uma das jovens cidades da Beira Alta onde o território envolvente permanece fortemente ligado à agricultura, particularmente à produção de vinho (integra a Região Demarcada do Dão), à avicultura e à pecuária.

O Museu Terra de Besteiros, situado no antigo Solar de Santana, no centro da cidade, não longe dos Paços do Concelho, guarda vivos retratos de um passado distante, traduzidos numa abundante documentação arqueológica, na referenciação das produções artísticas e na presença de uma cultura material ainda testemunhada, in loco, pelo fabrico das olarias de Molelos, sobre que já tivemos oportunidade de escrever.

Tondela

Do seu imaginário, multifacetado, recordamos agora essa lenda fundadora conhecida como lenda de Tondela, corporizada na evocativa e delicada escultura de uma mulher que sopra uma trombeta.

Ao Tom’Dela, estátua em Tondela

Está a senhora a encimar o frontão da Fonte da Sereia, que foi levantada, nos finais do século XVIII, para abastecimento de água à população da vila, constituindo-se, hoje, apenas como sedutor memorial dessa época ainda bem próxima. Contudo, no delicado corpo arquitectónico da fonte vale a pena olhar para essa figuração da Sereia que dá nome ao monumento e se constitui como bica central, ladeada por outras bicas, de onde a água se solta da boca de dois mitológicos dragões.

Fonte da Sereia, Tondela

A lenda fundadora é tão fácil de contar que se dispensa essa costumeira locução de chamada de atenção para a narrativa – era uma vez…

Mas é sempre bonito contar assim as histórias.

E lá vai:

Era uma vez… era uma vez um tempo em que cristãos e mouros lutavam por aqueles lugares da Serra do Caramulo e da planície de Besteiros. Sobre essas lutas se constituíram saborosas efabulações, como evocações de um tempo não situado. Como é o caso desta lenda, que nos conta de uma mulher cristã, participante, a seu modo, nessa luta tornando-se prestável informadora da aproximação do inimigo, que ela avistava ao longe, postada no alto de um cerro.

A um sinal combinado, o toque de trombeta que ela empunhava, ao tom dela, os soldados cristãos avisados aprestavam-se para a luta e eram eles quem, apanhando desprevenido o exército da mourama, lhe infligiria fácil derrota ou o faria recuar.

E foi assim, devido ao génio e aos actos heroicos desta mulher, que aquela povoação cristã tomou o nome que hoje mantém como cidade: Tondela.

Na voz da lenda!…

Poeta que também era, o arquitecto que desenhou aquela fonte lembrou-se de  imortalizar nela essa heroína.

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