Zita de Bragança, uma vida surpreendente

Final de tarde de sábado espetacular, 14 de Setembro. Repleto, o salão do Palácio da Cidadela, em Cascais. A baía a nossos pés, com aquela serenidade tépida por que sempre aspiramos e ora se torna cada vez mais rara. Esse não terá sido, porém, – longe de mim tal ideia! – o maior privilégio para quantos ali se disponibilizaram a estar ali, quando a amenidade do tempo mais convidava a passeio. É que Maria João Fialho Gouveia convidara para a apresentação aí do seu mais recente livro, A Última Imperatriz. E ultrapassou largamente a centena os que aceitaram o convite.

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O representante da Livraria Bertrand manifestou o regozijo da editora por contar com Maria João entre os seus autores habituais. Na ausência, justificada, do apresentador previsto, Luís Osório, José Pedro Salema (a quem o livro é dedicado) realçou também a atividade literária da autora. A soprano lírico Maria Isabel Seabra, acompanhada ao piano, atuou por duas vezes, antes de a autora falar e no final. Dois apontamentos musicais, muito aplaudidos, de pé; uma voz potente e bem timbrada.

Maria João teve oportunidade de, numa alocução de cerca de meia hora, sintetizar com algum pormenor o enredo do livro, manifestando o seu entusiasmo por – inclusive visitando os lugares por onde passara a biografada – ter logrado assim dar a conhecer a vida de Zita de Bragança, neta do rei D. Miguel. Aliás, explicita-se no livro a árvore genealógica desta Senhora, filha dos duques de Parma Maria Antónia de Bragança e Roberto I, que foi imperatriz da Áustria, mulher do imperador Carlos I. Nasceu a 9 de Maio de 1892 e viria a falecer a 14 de Março de 1989.

Maria João Fialho Gouveia e a plateia que a escutava

«Zita, a mulher, a mãe, a educadora, a mãe dos povos, a serva de Deus e de Nossa Senhora, a última imperatriz da Áustria, espreitava agora e ao lado do seu grande amor a luz luminosa da santidade. Os anos passam, mas ela não é esquecida». Assim terminam, em elucidativa síntese, as quase 350 páginas da biografia.

Para muitos constituirá, pois, uma surpresa este encontro com alguém que, de sangue português, teve papel preponderante, por exemplo, na oposição a Hitler.

Maria João Fialho Gouveia, filha do saudoso José Manuel Fialho Gouveia, seguiu o jornalismo como seu pai, mas tem-se dedicado também a estas biografias de figuras históricas, sobretudo femininas. Além de uma «biografia sentimental» do pai, já escreveu, por exemplo, sobre Filipa de Lencastre e seu marido, D. João I; Inês de Castro; «o primeiro amor» de el-rei D. Carlos; Maria da Fonte… Ao todo, 11 livros. O Estoril perpassa amiúde pela sua obra, porque na Costa do Estoril tem vivido e, na sua fala de sábado, não deixou de salientar a mui benéfica e determinante influência que recebeu de sua avó, Cesaltina Fialho Gouveia, uma notável e sempre recordada professora primária que superiormente instruiu muitas das crianças de Alcabideche e Cascais.

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