Mesmo os que não se cansam a ver programas de desporto na televisão, não puderam deixar de tomar conhecimento sobre o tal turco de 50 anos que apareceu nos Jogos Olímpicos com uma t-shirt enrugada, sem equipamento especial, e levou a medalha de prata “sem sequer tirar a mão do bolso”.
Especulou-se se seria um sniper profissional, tanto os velhos como os novos media adoram estas tretas e sabem que o povo também.
Num piscar de olhos, Yusuf Dikec, uma figura até então desconhecida fora dos círculos profissionais, teve o seu momento de sensação global na internet.
O foco em Yusuf Dikec foi tal que, no momento, até se esqueceram de nos dizer que se tratava da medalha de prata na prova de equipas mistas. Isto é, havia uma mulher ao lado dele a disparar também uma pistola de ar e a acertar no alvo a 10 metros de distância. Mais, ainda, se aquilo tivesse sido uma competição individual ela teria ficado melhor classificada que ele.
Mas foi ele a ficar famoso, era dele a postura tranquila, fria, descontraída, a mão no bolso, etc. Mesmo se Sevval Ilayda Tarhan vestia uma T-shirt igual, serenidade semelhante, a mesma pose de mão no bolso.
O que se passou ali é o que justifica o feminismo, a luta pela igualdade de género. A cobertura mediática deste caso roubou às mulheres turcas uma oportunidade para glorificar uma das suas. E tanto que elas precisam de heroínas como Sevval Ilayda Tarhan.
Muito bem, Carlos! Reponha-se a verdade, mostre-se a Mulher! Que raio de movimentos feministas são estes que perdem uma oportunidade destas! Cá está o Duas Linhas para o recordar, como recorda aspectos da guerra levada a cabo por Israel amiúde esquecidos ou menosprezados pelos habituais meios de comunicação. Que não te falte coragem, Carlos!
Uma prova de equipas mistas…talvez a jovem mulher com maior perícia… igual serenidade…
Falou-se de um elemento, metade da equipa para justificar a vitória, uma medalha de prata.
A outra metade foi silenciada como tantas vezes, por ser mulher, a justificar a necessidade de união de todas elas numa luta por direitos que ainda não foram plenamente conquistados.
Olho de lince e sentido de oportunidade para uma quase “caxa” jornalística.
Grata à redacção do Duas Linhas.