A Desobediente narra na perfeição a história de uma vida repleta de abandonos e desilusões que surgiram cedo demais e deixaram cicatrizes, como todos os abandonos deixam… Dividido em 5 partes, a biografia abarca toda uma vida, da infância à atualidade, com enfoque especial, a meu ver, nas várias facetas – inusitadas e revolucionárias – de uma poetisa para quem tudo era possível, especialmente na escrita, alguém que permanentemente “queria morrer e não queria morrer”, uma Teresinha para quem a infância fora fatal, uma adulta com um permanente sentido de justiça à flor da pele, uma mulher que amou o mesmo homem por 56 anos ininterruptamente…
Alma nostálgica, livre, original e feminista, Maria Teresa Horta assusta-se com a sua própria vulnerabilidade mas nunca desiste. Tal como a mãe Carlota, também ela soube romper as amarras para seguir um outro destino, contra tudo e contra todos.
A primeira mulher que, através de uma escrita que lhe nascia nos dedos e era a sua forma de sossego, pôs a questão do corpo, da nudez e da sexualidade feminina de forma direta, frontal, ousada num país atrasado, ignorante e conservador. Uma revolucionária, portanto. Uma mulher que lutou sempre pelos direitos das mulheres em tempos de perseguição política. A sua vida mostra que todos os caminhos para terminar com o fascismo eram válidos. Como muitos de nós, Maria Teresa Horta precisava desesperadamente de liberdade: física, intelectual, de expressão. Ela, que como muitos de nós, queria experimentar o mundo.
Um livro que fala de desobedecer sim, e sempre, com razão e elegância!
E eu, que gosto de livros e de pessoas que trazem dentro de si uma espécie de revolução, adorei este.