XI ENCONTRO DE MÚSICA TRADICIONAL PORTUGUESA

Uma noite como aquelas de que já sentíamos saudades. Aquelas que os reis privilegiavam no Setembro cascalense, depois do Estio de Sintra: tépidas, serenas, enluaradas… O ambiente ideal, no Largo Cidade de Vitória, no coração de Cascais, para se viajar pela música tradicional portuguesa de Norte a Sul do País.

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Desta feita, o grupo organizador, Cantares da Terra, convidou os Entretenga, de Albufeira, para o espectáculo de sábado, dia 7.

Um grupo singular, este, porque surgiu em 1996, por iniciativa de professores da Escola EB2,3 Dom Martim Fernandes, em Albufeira. Ganhou, o grupo Entretenga personalidade jurídica em 2008, quando se integrou na AMECA – Associação Musical e de Eventos Culturais de Albufeira.

A Cascais vieram 8 elementos, 4 senhores e 4 senhoras, na sua quase totalidade ainda pertencentes ao núcleo inicial, sendo de fazer menção a um dos elementos femininos, azougada ainda nos seus 81 anos, com aquele azougue típico do Barrocal, de que, de resto, todos os elementos deram subidas mostras. Há, porém, que aludir a uma excepção: a violinista, deveras virtuosa, um encanto vê-la fazer vibrar o seu violino, veio da tão sacrificada Mariopol, na Ucrânia!…

Foi, como é hábito, este grupo convidado que abriu o sarau, brindando-nos com interpretações de cantares populares, desde o Minho ao Algarve e às ilhas, quedando-se bastante pela dolência alentejana. Do Algarve – imagine-se! – foi apenas a Tia Anica e uma homenagem, com letra e música de elementos dos Entretenga, em louvor da sua Albufeira.

Entretenga é vocábulo algarvio, sinónimo de entretenha, de coisa que se faz para entreter, para bem passar o tempo. Ajustada foi, pois, a decisão destes professores, alguns já aposentados, para se entreterem a eles e nos entreterem a nós com as nossas modas típicas. Já gravaram dois discos e estão convidados para, no próximo mês de Outubro, irem representar Portugal no Sul de França, num encontro de músicas tradicionais de cada país.

vídeo grupo Entretenga

Já os Cantares da Terra são nossos conhecidos e esta é uma das iniciativas que não pode deixar de aquecer o final do Verão das noites cascalenses.

Tem o grupo uma característica muito própria, devida, de modo especial, ao trabalho de Marta Garrido: o que cantam – quer seja fado, vira ou marcha – vem sempre revestido de novas tonalidades, arranjos inesperados, bem conseguidos, que emprestam novo ar ao que tradicionalmente se conhece. Nada há ali despido de mui adequados ornamentos – que esse continua a ser o timbre a que Cantares da Terra já nos habituaram.

Não pode dizer-se que o Largo Cidade de Vitória, frente ao edifício da Junta de Freguesia de Cascais tenha sido pequeno para conter quantos vieram assistir; mas o que não sofre contestação é que o calor das palmas (quer de aplauso, quer de acompanhamento) jamais esmoreceu.

vídeo Cantares da Terra

1 COMENTÁRIO

  1. Gosto da palavra Entretenga, da ideia de se animar o povo daqui, do Norte e do Sul, com música popular portuguesa, como os responsáveis de Cantares da Terra entenderam, quando convidaram este grupo de Albufeira.
    Popular é um conceito a discutir. A inserção de um violino num agrupamento musical, já lhe dá uma dimensão diferente. Mas como a miscigenação enriquece todas as áreas há muito tempo, até na Música não é incomum ver-se, em grupos populares, instrumentos musicais antes integrados na música “erudita”.
    De novo precisamos aprofundar ou aligeirar conceitos. Música é música, a diferença só se faz entre boa e má. Procura-se a harmonia dos sons em melodias que façam esquecer momentos difíceis e convidem à saudável confraternização, quase terapia musical.
    O ano passado disse que lá estaria este ano. No mesmo sábado estive a acompanhar uma sessão de autógrafos nos jardins do Palácio de Belém. Cheguei tarde. Ando naquela fase em que me deito, adormeço logo e só acordo no dia seguinte.
    Acho que ainda terão de me convidar para cantar o fado, para eu conseguir, no meu próprio concelho. assistir ao festival.
    E se o Largo Cidade de Vitória não estava apinhado, era porque depois da Festa do Livro em Belém, estavam os pastéis ali ao lado, quentinhos…
    Muito grata por esta descrição, José d’ Encarnação.

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