A escada da liberdade

Exposição singular

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Para quem não conhece José António Gonçalves, um título assim pode causar surpresa. Quem conhece, porém, o que foi o seu viver – tão bem por ele descrito no livro Os Espinhos no Caminho, na Vida de Roger, de 2023depressa ficará a saber quanto a música e a escultura constituem para ele uma escada para a liberdade, uma forma de mais serenamente encarar a existência, após tanta atribulação passada.

A sua entretenha – além de tocar bandolim, banjo e órgão, com que delicia, de vez em quando, por exemplo, os utentes do Lar de S. Vicente, em Alcabideche – é pegar em gravetos, troncos velhos, pedaços de madeira aparentemente sem outra utilidade que não a de ir para a lareira ou para mais um churrasco, e deles fazer sair imagens, cuja graciosidade acaba por nos encantar, pela simplicidade que delas dimana.

Um testemunho de como os dias, chegada a reforma, podem ser diligentemente aproveitados.

Uma forma de gozar e transmitir beleza, donde, à primeira vista, ela poderia estar por completo desarredada, feita mono sem qualquer interesse, bom para ajuntar a tanta inutilidade que dia a dia se vê acumulada por aí.

Não!

José António Gonçalves topa isto, topa aquilo e logo a sua imaginação começa a trabalhar: isto é capaz de me dar jeito para… Como escreveu Fernando Pessoa e nunca é demais repeti-lo: o homem sonha e… a obra nasce!

Sonho este, o de José António Gonçalves, de assim conseguir trepar mais uns degraus na sua escada para a liberdade.

Se este é um convite para assistir à sessão de inauguração no domingo, 25, a partir das 15 h, no Espaço Montepio (Rua João Pires Correia 259-A – Alcabideche), sessão em que o artista vai demonstrar como é diferente o som musical do bandolim em relação ao banjo e ao órgão… se é um convite, é! Mais um dos seus sonhos concretizados, agora com o imprescindível e pronto apoio da Junta de Freguesia de Alcabideche, que muito se agradece .

Vamos lá estar presentes já, embora saibamos que, nesse bem acolhedor espaço, assim mais uma vez revivificado, a exposição A Escada de Liberdade ainda vai estar patente até dia 1 de Setembro, diariamente, das 14 às 19 horas.

2 COMENTÁRIOS

  1. Em primeiro lugar fui consultar o outro artigo que se refere a Roger, o alter ego do Senhor José António Gonçalves. Depois cumprimentá-lo porque disciplinou o outro e hoje é um escultor com peças muito bonitas.
    A vida tem, de facto, momentos duros e nem todos os que passam por eles têm mãos amigas que se lhes estendam, ou ombros para se apoiar. Alguns dormem na rua. Daí que procurar a força que existe dentro, ou o talento que cada um tem, às vezes sem saber e receber o que vem de fora, sejam a base de qualquer terapia bem-sucedida.
    A Escada da Liberdade é um belo título para uma exposição, uma metáfora que entendemos. Mas na vida real José António Gonçalves já está de parabéns, no caminho certo em contacto com a música e com a escultura, formas de Arte que não podiam elevar mais o espírito.
    Grata pelo texto, José d’Encarnação.

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