Quando Zelensky chegou ao resort de luxo onde decorre a reunião, em Buergenstock, na Suiça, foi recebido apenas por pessoal menor, ao nível de embaixadores, adidos militares e funcionários do seu próprio governo.

A reunião tem vindo a parecer-se cada vez mais com um balão a perder gás. Alguns dos mais importantes líderes europeus enfrentam crises políticas agudas nos seus próprios países e estão a prazo face a eleições que se realizarão nos próximos tempos e devem estar a ser aconselhados a ponderar melhor os compromissos. Casos de Macron, da França e de Sunak em Inglaterra. Incertezas também na liderança de Ursula na Comissão Europeia.
O alemão Scholz considerou o encontro “uma planta pequena que precisa de ser regada”, numa entrevista à Welt TV. O Presidente dos EUA enviou a vice Kamala para o representar. O líder da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, enviou o ministro dos Negócios Estrangeiros e a Índia enviou uma delegação de nível inferior. A China não vai comparecer.
A intenção de Zelensky seria mostrar que a Rússia está cada vez mais isolada, mas acaba por mostrar quase o contrário. A maioria dos países africanos não demonstra solidariedade com a causa ucraniana, o Brasil diz que a reunião sem a Rússia é uma perda de tempo, na ONU foi dito pelo diretor do International Crisis Group, Richard Gowan, que “a cimeira corre o risco de mostrar os limites da diplomacia ucraniana”.

Ao aceitar realizar esta reunião, a pedido de Zelensky, a Suiça quebrou uma tradição de neutralidade, porque ao rejeitar a participação da Rússia, o foco do encontro foi desviado de uma paz negociada para uma aposta na solução militar para o conflito. Toda a gente percebe que isso é um erro.
FALAR DE PAZ E FAZER A GUERRA
Ao fim de dois anos de guerra, agora a Ucrânia já tem autorização dos aliados para usar mísseis e longo alcance contra alvos em território russo. E está a fazê-lo, massacrando a cidade russa mais próxima da fronteira, Belgorod.
A ocidente, continuam os relatos das atrocidades cometidas pelos russos, “malvados” e “malucos” nas palavras de Zelensky, mas calam-se as vítimas civis e as infraestruturas destruídas nos ataques ucranianos. É o jornalismo que temos, engajado na política.

Esta noite (15 de junho) a artilharia ucraniana atingiu Shebekino, nos arredores de Belgorod, destruiu um prédio de apartamentos, matou pelo menos 4 pessoas, cujos corpos foram recuperados dos escombros.
Os bombardeamentos indiscriminados e contra infraestruturas civis por parte das forças ucranianas existem, mas não são noticiados nesta parte do mundo.