Zhang Zhan foi a cidadã jornalista chinesa que denunciou o que se estava a passar em Wuhan, em fevereiro de 2020, durante o surgimento da pandemia Covid-19. Foi detida e condenada a uma pena de prisão. Saiu em liberdade agora, 4 anos depois.
A detenção de Zhang Zhan foi objeto de uma campanha internacional levada a efeito para promover a condenação pública das políticas autoritárias da China e forçar a libertação de Zhang Zhan que, afinal, apenas divulgou a verdade dos factos.

A verdade é, por vezes, muito inconveniente, como bem sabemos. Para além do caso de Julian Assange que se arrasta há uma década, por ter divulgado factos sobre crimes de guerra cometidos por soldados dos EUA no Afeganistão e Iraque, temos o caso do espanhol Pablo Gonzalez preso na Polónia há 2 anos sem culpa formada, suspeito de espionagem a favor da Rússia.

Segundo o Comité para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), no final de 2023 cerca de 320 jornalistas em todo o mundo estavam presos devido à sua profissão.
Mais de um terço dos jornalistas presos estavam na China, Mianmar (antiga Birmânia) e Bielorrússia. Israel, com 17 detidos (todos palestinianos) era, no final de 2023, o sexto país com maior número de jornalistas encarcerados. Claro que este ranking não avalia os 150 jornalistas mortos desde 7 de outubro de 2023, na Faixa de Gaza.
A Rússia tem um jornalista estrangeiro detido, o norte-americano Evan Gershkovich, repórter do Wall Street Journal, também suspeito de espionagem.

Quanto a Zhang Zhan, a Amnistia Internacional diz que tem vindo a registar, em casos semelhantes, um padrão preocupante de semi-liberdade, com os libertados a terem limites de circulação, passaportes retidos e assédio familiar e que teme que esse venha a ser a realidade na vida de Zhang Zhan.
Advogada, ativista pelos direitos humanos, blogueira, Zhang Zhan é o caso típico da cidadã-jornalista que trabalha por sua conta e risco na disseminação de informação que as autoridades preferem que não seja divulgada.